A Alemanha e a Grã-Bretanha enviaram uma mensagem à Rússia nesta sexta-feira de que a Ucrânia será capaz de manter sua luta graças ao apoio ocidental, mesmo com os Estados Unidos avançando com as negociações com Moscou.
Por Andrew Gray e Sabine Siebold | Reuters
BRUXELAS - As potências europeias pela primeira vez co-lideraram uma reunião do chamado grupo Ramstein de cerca de 50 países que dão apoio militar à Ucrânia depois que Washington desistiu da presidência e disseram que não conseguiram detectar nenhum sinal de que Vladimir Putin estava pronto para a paz.
Enquanto se encontravam, o enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, Steve Witkoff, voou para a Rússia para o que parecia ser uma conversa com o presidente russo.
"Dada a agressão contínua da Rússia contra a Ucrânia, devemos admitir que a paz na Ucrânia parece estar fora de alcance no futuro imediato", disse o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, após a reunião na sede da Otan em Bruxelas.
O Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, como é conhecido oficialmente, foi criado pelos EUA sob o governo Biden para coordenar a ajuda militar à Ucrânia e pressionar os governos a entregar mais.
Mas o governo Trump, que colocou em questão seu futuro apoio militar à Ucrânia enquanto pressiona os dois lados por um cessar-fogo e tenta acabar com o isolamento da Rússia, recuou de liderá-lo.
Falando a repórteres, tanto Pistorius quanto seu colega britânico John Healey procuraram tranquilizar a Ucrânia de que o apoio militar do Ocidente duraria.
"Garantiremos que a Ucrânia continue a se beneficiar de nosso apoio militar conjunto. A Rússia precisa entender que a Ucrânia é capaz de continuar lutando, e nós a apoiaremos... A Ucrânia pode contar conosco", disse Pistorius.
Healey descreveu 2025 como um ano crucial na luta da Ucrânia contra a invasão da Rússia: "Agora é o momento crítico dessa guerra... e estamos dizendo à Ucrânia: estamos com você na luta e estaremos com você na paz."
Pistorius minimizou o fato de que o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, participou da reunião apenas virtualmente, dizendo que isso se devia a razões de agendamento, acrescentando: "O fato mais importante foi que ele participou".
Mas Pistorius reconheceu que não estava claro como a participação e o apoio dos EUA se desenvolveriam no futuro.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, também participou da reunião por videoconferência.
Os principais aliados europeus da Ucrânia estão ansiosos para manter o grupo Ramstein para manter a pressão por doações de armas para a Ucrânia e demonstrar apoio contínuo a Kiev.
Na reunião, tanto a Grã-Bretanha quanto a Alemanha delinearam suas últimas promessas de ajuda militar à Ucrânia.
O pacote da Alemanha incluía quatro sistemas de defesa aérea IRIS-T com 300 mísseis. A Grã-Bretanha disse que, junto com a Noruega, financiaria sistemas de radar, minas antitanque e centenas de milhares de drones.
Reportagem de Sabine Siebold, Andrew Gray, GV De Clercq e Benoit Van Overstraeten