Em 10 de abril de 2025, o governo sueco incluiu em sua proposta orçamentária da primavera de 2025 um pedido para autorizar um acordo governo a governo com o Peru para a venda de até 12 caças multifuncionais JAS 39 Gripen E/F e sistemas de defesa aérea associados. O pedido descreve a intenção da Suécia de responder a uma investigação formal do governo peruano, que declarou sua preferência por tal estrutura de acordo intergovernamental. Se aprovado pelo Riksdag, o Parlamento sueco, o Estado sueco seria responsável pela aquisição e entrega das aeronaves e sistemas, com os custos totais esperados a serem cobertos pelas receitas da venda.
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Esta venda proposta faz parte de uma estratégia de exportação mais ampla desenvolvida pela Suécia e pela Saab AB para expandir sua presença na indústria de defesa na América Latina, bem como no Canadá. Após o programa Gripen E em andamento do Brasil e a recente seleção da plataforma pela Colômbia para substituir sua frota IAI Kfir, a Suécia agora está buscando posicionar o Gripen como uma opção competitiva no esforço de modernização de caças do Peru. De acordo com a proposta oficial, o envolvimento do governo visa alinhar-se com as preferências de compras do Peru, ao mesmo tempo em que abre novos mercados para os sistemas de defesa suecos. A oferta inclui não apenas os aviões de combate, mas também sistemas de defesa aérea não especificados, que podem refletir um pacote mais amplo adaptado para atender às necessidades operacionais da Força Aérea Peruana.
A estratégia industrial regional da Saab incluiu a cooperação de longo prazo com o Brasil, particularmente por meio do estabelecimento de uma linha de produção local em Gavião Peixoto e parcerias com a Embraer. O modelo aplicado no Brasil também está sendo considerado para replicação no Peru, especialmente se o acordo governo a governo avançar. A presença do CEO da Saab, Micael Johansson, em um evento recente na Colômbia ao lado do presidente Gustavo Petro, onde a Colômbia confirmou a escolha do Gripen, ressalta a intenção da empresa de reforçar sua posição na região com uma combinação de mecanismos de apoio político, industrial e logístico.
Em outubro de 2024, o ministro da Defesa peruano, Walter Enrique Astudillo Chávez, confirmou publicamente os planos de adquirir 24 novos caças multifuncionais para substituir as antigas frotas de MiG-29 e Mirage 2000P. O Gripen E/F é uma das três plataformas pré-selecionadas, juntamente com o Lockheed Martin F-16V Block 70 e o Dassault Rafale F4. Para financiar a aquisição desses novos caças, o Peru apresentou um pedido de empréstimo de 7,58 bilhões de soles (aproximadamente US$ 2 bilhões) do Banco de la Nación. O financiamento cobriria a primeira fase do programa, incluindo a aquisição de 12 aeronaves, o que corresponde à proposta de venda de governo para governo sueco.
O planejamento de aquisição de defesa do Peru enfatiza a cooperação industrial e o estabelecimento de capacidades de produção doméstica. Isso inclui disposições para transferência de tecnologia e acordos de coprodução local com o fornecedor selecionado. A implementação anterior de tais medidas pela Saab no Brasil, onde a indústria brasileira desempenhou um papel fundamental na produção e no desenvolvimento do Gripen F de dois lugares, pode ser considerada relevante no contexto peruano. No entanto, ainda não foram divulgados termos formais relativos à participação industrial. A proposta do governo sueco ao Peru inclui não apenas a aeronave Gripen E/F, mas também sistemas de defesa aérea associados. Embora não tenham sido identificados sistemas específicos, este componente está incluído em resposta aos requisitos operacionais e estratégicos da Força Aérea do Peru (Fuerza Aérea del Perú, FAP).
Se concluída, uma aquisição do Gripen E/F pelo Peru representaria o terceiro pedido confirmado ou potencial da plataforma na América Latina, após o Brasil e a Colômbia. A Saab posicionou ativamente o Gripen como uma alternativa econômica e interoperável às plataformas dos EUA e da França. A estratégia de exportação da empresa integra a participação industrial local como meio de fortalecer a competitividade e atender aos requisitos dos compradores por capacidades soberanas.
A plataforma Gripen foi introduzida pela primeira vez na década de 1990, evoluindo através de várias versões, incluindo o Gripen A/B, C/D e a atual geração do Gripen E/F. O Gripen E voou pela primeira vez em 2017 e incorpora atualizações significativas em relação às versões anteriores. Isso inclui maior capacidade interna de combustível, um motor General Electric F414G mais potente e um sistema aviônico modular que permite atualizações mais rápidas e alterações de software. Ele também possui sistemas de sobrevivência aprimorados e recursos de guerra centrados em rede.
O Gripen E está equipado com o radar Raven ES-05 AESA e um conjunto interno de guerra eletrônica projetado para funções de autoproteção e ataque eletrônico. Ele suporta uma ampla gama de armas, incluindo mísseis ar-ar Meteor e IRIS-T, bem como munições ar-solo, como o míssil de cruzeiro GBU-49 e Taurus KEPD 350. A aeronave também é capaz de missões de reconhecimento e fusão de dados no campo de batalha. O Gripen F de dois lugares está sendo desenvolvido principalmente para o Brasil, que se refere à plataforma como F-39E/F.
O Brasil inicialmente encomendou 36 aeronaves e, desde então, aumentou esse número para 40, com negociações atuais em andamento para 26 aeronaves adicionais. A aquisição planejada de 24 unidades do Gripen E pela Colômbia ilustra ainda mais a crescente presença da plataforma na América do Sul. Se o Peru prosseguir com o Gripen, a frota regional ultrapassará 80 unidades, potencialmente apoiando treinamento, manutenção e cooperação logística conjunta entre os usuários.
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