Navios da Marinha, que desempenharam funções essenciais para a pesquisa brasileira, retornam ao Brasil
Por Primeiro-Tenente (T) Klojda e Primeiro-Tenente (RM2-T) Larissa Vieira | Agência Marinha de Notícias
A manhã deste sábado (12) representou um momento importante para a Marinha do Brasil (MB) e para a pesquisa científica nacional: o Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) “Ary Rongel” e o Navio Polar (NPo) “Almirante Maximiano” retornaram ao Brasil após cerca de seis meses em comissão na Antártica. A chegada dos navios à Base Naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro (RJ), marcou o fim da fase de verão da 43ª Operação Antártica (OPERANTAR XLIII), iniciada no último mês de outubro.
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Operar na Antártica exige preparo dos navios e da tripulação para enfrentar as condições meteorológicas desafiadoras da região, como o vento e o gelo - Imagem: Marinha do Brasil |
Por meio da atuação da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), foi possível irem a campo 24 projetos de pesquisa aprovados em edital, contando com participação de 165 pesquisadores. Nesse contexto, os navios garantiram o suporte logístico essencial à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), a fim de que as atividades fossem conduzidas de maneira efetiva e eficiente. No total, foram transportados 400 mil litros de óleo diesel antártico, 10 toneladas de suprimentos e diversas peças de reposição, assegurando o pleno funcionamento da estação, o total apoio às pesquisas e o conforto e a segurança dos cientistas e militares que lá atuam.
OPERANTAR XLIII
A OPERANTAR é parte integrante do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e realiza atividades tanto de caráter científico quanto logístico. Assim, um dos marcos da OPERANTAR XLIII foi a continuidade do desmonte do antigo heliponto da EACF, conduzido por militares da MB. O processo envolveu o uso de cortadores a plasma para remover as construções metálicas, trazidas de volta ao Brasil. Ao retirar os equipamentos e as estruturas que não são mais utilizados pelo PROANTAR, o País reafirma seu compromisso com a preservação do meio ambiente no continente gelado.
Também durante esta edição da operação, o “Ary Rongel” e o “Almirante Maximiano” serviram como base para a instalação e retirada de quatro acampamentos científicos em diferentes pontos da Antártica. Esses acampamentos são fundamentais para projetos que exigem coleta de dados fora da estação, especialmente em locais de difícil acesso. O trabalho foi realizado com o uso de botes e helicópteros, ampliando o alcance da pesquisa brasileira na região austral. Os navios empreenderam, ainda, levantamentos hidrográficos com o objetivo de coletar os dados necessários para a atualização das cartas náuticas, essenciais para o tráfego seguro, principalmente em áreas de gelo e pouca visibilidade.
"Participar da OPERANTAR é um orgulho para nós do ‘Ary Rongel’. O PROANTAR é um programa de Estado e é muito satisfatório representar o Brasil e a nossa Marinha nos mares austrais”, afirma o Comandante do navio, Capitão de Mar e Guerra Marco Aurélio Barros de Almeida. Ele também ressalta que, mesmo enfrentando condições meteorológicas intensas, os objetivos foram alcançados. “O mais importante é que conseguimos regressar com a tripulação toda sã e salva, o que, para mim, é a maior missão do Comandante”, acrescenta.
O Comandante do NPo “Almirante Maximiano”, Capitão de Mar e Guerra Carlos Eduardo Navazio de Oliveira da Silva, enfatiza que a missão contribuiu para garantir voz ao País nas decisões relativas ao futuro do continente antártico. “Superamos desafios e conseguimos apoiar diversos projetos científicos e apoiar logisticamente a EACF. Navegamos em diversas regiões da Antártica – cruzamos o Estreito de Drake dez vezes –, de modo que, certamente, essa OPERANTAR foi coroada de êxito”, analisa.
O papel da Força Aérea Brasileira (FAB) também foi de suma importância para a operação: foram realizados seis voos de aeronave KC-390, entre o Rio de Janeiro (RJ) e Punta Arenas, no Chile, com escala em Pelotas (RS). Dessa forma, enquanto os navios conduziam os pesquisadores recém-chegados à estação, a FAB trazia de volta ao Brasil aqueles que finalizavam seus trabalhos.
O Comandante do NPo “Almirante Maximiano”, Capitão de Mar e Guerra Carlos Eduardo Navazio de Oliveira da Silva, enfatiza que a missão contribuiu para garantir voz ao País nas decisões relativas ao futuro do continente antártico. “Superamos desafios e conseguimos apoiar diversos projetos científicos e apoiar logisticamente a EACF. Navegamos em diversas regiões da Antártica – cruzamos o Estreito de Drake dez vezes –, de modo que, certamente, essa OPERANTAR foi coroada de êxito”, analisa.
O papel da Força Aérea Brasileira (FAB) também foi de suma importância para a operação: foram realizados seis voos de aeronave KC-390, entre o Rio de Janeiro (RJ) e Punta Arenas, no Chile, com escala em Pelotas (RS). Dessa forma, enquanto os navios conduziam os pesquisadores recém-chegados à estação, a FAB trazia de volta ao Brasil aqueles que finalizavam seus trabalhos.
Os pesquisadores civis de diferentes aéreas e entidades também têm parte ativa nos trabalhos realizados no continente. “Participamos de todas as fases dessa operação, atuando tanto no ‘Almirante Maximiano’ quanto na EACF. Nossa função foi trabalhar na coleta de material e, agora, é dar prosseguimento, no laboratório, ao estudo das mudanças climáticas através do ciclo do carbono e do silício”, explica o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Vitor Gonsalez Chiozzini.
A comissão também foi proveitosa para o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Allan Laíd Alkimim Faria, que trabalha com aerobiologia: “Investigamos, no caminho de Punta Arenas até o Brasil, os micro-organismos que são levados para a Antártica e vice-versa, entre as bactérias, fungos e vírus, para ver quais são as mudanças, nesses micro-organismos, de acordo com as mudanças climáticas”, diz.
Esta edição da OPERANTAR registrou um aumento de 23% no número de projetos de pesquisa aprovados, resultando no acréscimo de 27% de pesquisadores apoiados e um crescimento de 33% na quantidade de acampamentos. Além disso, a interação com os programas antárticos da Argentina, do Chile, da Polônia, da Rússia, do Equador, do Canadá, do Peru e da Turquia continuou potencializando a cooperação internacional – princípio fundamental do Tratado da Antártica – e demonstrando o compromisso do Brasil em fortalecer sua atuação e promover o PROANTAR, programa científico mais duradouro do Brasil.
A emoção do retorno
Participar de missões das mais diversas é uma característica inerente à vida marinheira – e, devido a essas ausências, muitas vezes os militares precisam sacrificar momentos da vida familiar. É o caso do Primeiro-Sargento Alisson Unias Aragão, Mestre do NPo “Almirante Maximiano”. “É uma satisfação muito grande voltar para a nossa terra natal após seis meses de comissão. Voltar para o seio da família é algo muito importante, é de onde tiramos o nosso apoio, é o nosso porto seguro”, diz.
No caso do Sargento Alisson, esse retorno é ainda mais especial: “Meu filho nasceu durante essa missão. Ainda não tive a oportunidade e o prazer de pegá-lo nos braços, mas, daqui a pouco, voarei para Fortaleza e vou finalmente conhecê-lo”, comemora.
Em breve, o militar terá outro motivo para celebrar, dessa vez em relação à vida a bordo: ele está próximo de completar a significativa marca de 2 mil dias de mar. “Faltam um pouco mais de noventa dias. Na próxima missão, se Deus quiser, vou receber a medalha de quatro âncoras de ouro no ‘Almirante Maximiano’, na minha segunda casa, que é a Marinha.”
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