Em outra gravação, avião-espião de Moscou faz voo rasante sobre porta-aviões americano
Igor Gielow | Folha de S.Paulo
São Paulo - Enquanto Donald Trump e Vladimir Putin vão e voltam na dura negociação para chegar a um cessar-fogo na Ucrânia, suas forças mundo afora continuam se enfrentando como de costume. Novos vídeos que emergiram na internet mostram encontros raros entre aviões de combate das duas potências nucleares.
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Imagem feita por caça americano perto do Alasca mostra um Tu-95 sendo escoltado por dois Su-35, atrás e ao lado, e um F-35, mais à frente - Norad no X |
Interceptações em si são corriqueiras, ocorrendo semanalmente nas falhas geopolíticas com maior atrito nos céus do mundo, como sobre os mares Negro, Báltico, do Sul da China e do Japão. O congestionado estreito de Taiwan, além dos ares do Alasca e do Ártico costumam sediar tais esbarrões.
O primeiro incidente ocorreu em algum momento no fim de fevereiro, quando o porta-aviões de propulsão nuclear USS Carl Vinson fazia exercícios no mar do Japão. Ele é 1 dos 11 mais poderosos navios do mundo, uma frota sem igual operada por Washington, sempre acompanhado por escoltas.
No vídeo, um avião de reconhecimento, espionagem e guerra antissubmarina Il-38N russo faz uma passagem muito próxima do porta-aviões. O quadrimotor de Moscou é um projeto antiquado, tendo entrado em serviço em 1967, mas seu recheio eletrônico é novo e eficaz.
Passar perto de um navio como o Carl Vinson lhe garante oportunidade de fotografias específicas e análise de sistemas do navio, bandas de radar e de guerra eletrônica. Além disso, o navio é 1 dos 4 porta-aviões americanos capazes de operar o mais novo caça da Marinha, o F-35C da chamada quinta geração.
Um desses aparelhos, ao lado do usual F/A-18 que voa desses navios, acompanha o Il-38 em seu rasante, o que sugere que o avião russo foi identificado pelos radares bem antes de chegar à posição do Carl Vinson, provavelmente foi ordenado a se afastar e não o fez.
O episódio fica mais pitoresco ainda porque, após o vídeo surgir na semana retrasada numa conta do Instagram supostamente de um marinheiro do navio, canais de Telegram ligados a militares russos divulgaram o voo pela perspectiva da cabine do Il-38, mostrando claramente o F-35C à sua esquerda e o Carl Vinson no mar.
O segundo incidente ocorreu em algum ponto na Adiz (Zona de Identificação de Defesa Aérea, na sigla inglesa) do Alasca. Ele é tão ou mais dramático, pois mostra um F-35A baseado no gélido estado americano quase batendo num caça Su-35S russo.
O incidente ocorreu entre 18 e 19 de fevereiro a oeste do Alasca. O caça russo, em dupla com outro Su-35S, escoltava um bombardeiro estratégico Tu-95MS em uma patrulha de rotina. De lado a lado, potências testam a velocidade de reação de seus rivais mundo afora buscando não invadir o espaço aéreo, o que ocorre às vezes.
O normal é chegar nas tais Adiz, que são zonas próximas o suficiente em que os controladores em terra questionam as intenções de aviões adversários e enviam caças para interceptação. Elas se sobrepõem em alguns pontos do globo, como entre China e Taiwan.
Questionado pelo site americano The War Zone, o Norad (Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, na sigla inglesa), força americano-canadense que cobre o norte das Américas e divulgou fotos da interceptação, disse que as imagens mostram que a manobra de proteção do Tu-95 do piloto russo "não são a que se esperam ver em uma Força Aérea profissional".
O Ministério da Defesa russo diz que sempre conduz as patrulhas e interceptações de forma regular e, a julgar pelo vídeo, quem se aproximou mais foi o americano mesmo. Houve incidentes recentes pesando contra Moscou, contudo, como quando o piloto de um caça Su-27 disparou um míssil perto de um avião-espião britânico no mar Negro, ou quando um drone dos EUA foi abalroado e derrubado no mar Negro.
Um dos casos mais famosos desses episódios, que embutem riscos de escalada, foi em 2011, quando um caça chinês bateu num avião-espião americano, caindo e matando o piloto no mar do Sul da China. O aparelho dos EUA pousou avariado. Sua tripulação foi detida e depois liberada, e a aeronave devolvida desmontada, após se devidamente inspecionada.
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