O movimento palestino Hamas afirmou, nesta quinta-feira (6), que o ultimato de Donald Trump incentivou Israel a desistir do instável acordo de trégua, depois de o presidente ter ameaçado de "morte" o "povo de Gaza", se os reféns não fossem libertados.
France Presse
O ultimato de Trump veio depois de seu governo confirmar contatos diretos sem precedentes com o Hamas, um movimento islamista palestino designado como organização terrorista pelos Estados Unidos.
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Palestinos dirigem por uma estrada em meio a escombros em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, em 4 de março de 2025 © Bashar TALEB |
"Essas ameaças complicam a situação relativa ao acordo de cessar-fogo e encorajam a ocupação [Israel] a não cumprir seus termos", reagiu o Hamas, pedindo que Washington, em seu papel de garante do acordo, "pressione" Israel a respeitar seus compromissos.
"Para o povo de Gaza: um belo futuro os aguarda, mas não se eles mantiverem reféns. Se fizerem, estão MORTOS! Tomem uma decisão INTELIGENTE. LIBERTEM OS REFÉNS AGORA, OU HAVERÁ UM INFERNO PARA PAGAR DEPOIS!", escreveu o republicano em sua rede Truth Social.
As Brigadas Ezzedin al Qassam, o braço armado do Hamas, insistiram que seguem comprometidas com o respeito aos termos do acordo de trégua, afirmou o seu porta-voz, Abu Obeida.
"Apesar de todas as tentativas do inimigo [de fugir de suas obrigações], escolhemos, e mantemos esta escolha, de aderir ao acordo, com a preocupação de evitar o derramamento de sangue de nosso povo e não dar pretextos (...)" para Israel retomar os combates, declarou ele em um vídeo.
Por sua vez, também nesta quinta-feira, a França afirmou que o Hamas deve ser "totalmente" excluído da governança do território palestino depois da guerra. Ao mesmo tempo, Paris elogiou o plano de reconstrução proposto na terça-feira pelos países árabes, que prevê o retorno da Autoridade Palestina à Faixa de Gaza.
"Esse plano deve excluir completamente o Hamas da governança de Gaza, onde deve ser desarmado, e proporcionar sólidas garantias de segurança para Israel", declarou o Ministério de Relações Exteriores francês.
A trégua em Gaza é frágil devido às divergências entre Hamas e Israel sobre os termos da extensão do cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro, após 15 meses de uma guerra devastadora na Faixa de Gaza.
O conflito foi desencadeado pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
Das 251 pessoas sequestradas nesse dia, 58 seguem retidas em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo exército israelense.
Entre os 58 sequestrados, cinco também são cidadãos americanos: quatro foram confirmados como mortos e acredita-se que um esteja vivo, de acordo com uma contagem feita pela AFP.