Deputados franceses aprovam proposta de resolução favorável ao uso de ativos russos congelados na Europa

Por 288 votos a favor e 54 contra, os deputados franceses aprovaram na quarta-feira (12) uma proposta de resolução para fortalecer a ajuda à Ucrânia.


RFI

Duas medidas do texto em debate no plenário da Assembleia Nacional geraram discussões acaloradas e mostraram divergências de visão dos partidos políticos: um futuro ingresso da Ucrânia na União Europeia e a utilização dos ativos russos congelados em países europeus, estimados em cerca de € 200 bilhões, para financiar a defesa ucraniana e a reconstrução do país, medida que não tem o apoio do governo.

Deputados franceses aprovam proposta de resolução favorável ao uso de ativos russos congelados na Europa © AFP/Julien De Rosa

O partido de extrema esquerda França Insubmissa (LFI) e deputados comunistas rejeitaram a proposta de resolução de valor simbólico. O texto visava sobretudo sinalizar a posição do Parlamento francês ante o conflito, uma vez que a Constituição francesa dá ao presidente a liberdade de tomar decisões relativas à segurança nacional e defesa. Na outra ponta do espectro político, o partido de extrema direita de Marine Le Pen (Reunião Nacional) optou pela abstenção. Os parlamentares de centro, da direita democrática, socialistas e ecologistas aprovaram o texto.

O embaixador ucraniano na França, Vadym Omelchenko, compareceu ao debate de quase oito horas e foi aplaudido por todas as bancadas da Assembleia francesa. A resolução pede à União Europeia, à OTAN e "outros países aliados" para "continuarem e aumentarem seu apoio político, econômico e militar à Ucrânia". Em uma emenda adicionada ao texto original, os deputados também pedem à UE para "construir uma defesa europeia independente". O texto final "insta a União Europeia e seus Estados-membros a procederem sem demora à apreensão de ativos russos congelados e imobilizados, (...), a fim de financiar o apoio militar à Ucrânia em sua resistência e reconstrução".

A extrema direita se absteve para continuar a acusar o presidente Emmanuel Macron e a Comissão Europeia de que as sanções adotadas contra a Rússia foram ineficazes e acabaram levando o país invasor a se voltar para uma economia de guerra. O partido de Le Pen também é contra a entrada da Ucrânia no bloco, por acreditar que este ingresso criaria uma concorrência com os agricultores franceses, um eleitorado cobiçado pelo RN.

No caso da França Insubmissa e dos comunistas, eles são contra as propostas de rearmamento da Europa. O Partido Comunista Francês (PCF) denuncia “a promoção de um discurso belicoso" por parte de Macron e "a construção de uma Europa contra o povo". A LFI defende uma resolução do conflito por meios diplomáticos, alertando contra os discursos beligerantes feitos contra a Rússia, uma potência nuclear.


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