Em visita à Casa Branca, rei jordaniano reitera posição de seu país contra deslocamento da população do enclave devastado pela guerra entre Hamas e Israel, e diz que acolhera 2 mil crianças palestinas doentes.
Deutsch Welle
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou o rei Abdullah 2 da Jordânia a acolher os palestinos que seriam permanentemente excluídos da Faixa de Gaza, apesar de o monarca ter reafirmado sua oposição à remoção da população do enclave.
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Aparentando certo desconforto, rei Abdullah 2 não apoiou nem se opôs explicitamente ao plano de Trump para Gaza© Alex Brandon/AP Photo/picture alliance |
Ao receber nesta terça-feira (11/02) o rei no Salão Oval da Casa Branca, Trump sinalizou que não iria ceder em sua ideia que envolve retirar os moradores de Gaza e transformar o território devastado pela guerra em um megaprojeto imobiliário que ele chamou de "Riviera do Oriente Médio".
O americano enfureceu o mundo árabe ao dizer que os palestinos não teriam o direito de retornar ao território após a reconstrução do enclave, cujas estruturas estão em ruínas após mais de 15 meses de guerra entre Israel o grupo islamista Hamas.
Trump, porém, voltou a cogitar um possível controle americano sobre Gaza. "Nós vamos tomá-la. Nós vamos mantê-la, vamos apreciá-la. Nós vamos fazê-la funcionar eventualmente, com muitos empregos sendo criados para as pessoas no Oriente Médio", afirmou, reiterando que seu plano iria "trazer paz" para a região.
Mais tarde, o rei Abdullah 2 disse que reiterou a Trump a posição da Jordânia contra o deslocamento dos palestinos em Gaza ou na Cisjordânia ocupada, que faz fronteira com seu país. "Esta é a posição árabe unificada", disse o rei em postagem no X. "Reconstruir Gaza sem deslocar os palestinos e lidar com a terrível situação humanitária deve ser a prioridade de todos."
Apesar das opiniões do monarca, Trump disse que a Jordânia, assim como o Egito, acabariam concordando em abrigar os residentes deslocados de Gaza. Ambos os países dependem de Washington para receber ajuda econômica e militar.
"Acredito que teremos um pedaço de terra na Jordânia. Acredito que teremos um pedaço de terra no Egito", disse Trump. "Podemos ter outro lugar, mas acho que quando terminarmos nossas conversas, teremos um lugar onde eles viverão muito felizes e muito seguros."
Trump, sinalizou que poderia considerar reter ajuda à Jordânia, disse que não estava usando o apoio americano como uma ameaça. "Contribuímos com muito dinheiro para a Jordânia e, a propósito, para o Egito; muito, para ambos. Mas não preciso ameaçar. Acho que estamos acima disso", disse o presidente.
Jordânia acolherá 2 mil crianças doentes de Gaza
O rei Abdullah 2 foi o primeiro líder árabe a se encontrar com Trump desde que o plano americano para Gaza foi anunciado.Apesar da cordialidade do encontro, os comentários de Trump deixam o rei em uma posição delicada, dada a sensibilidade na Jordânia em torno das reivindicações dos palestinos sobre o direito de retornar às terras das quais muitos fugiram durante a guerra que marcou a criação do Estado de Israel, em 1948.
Trump, em determinado momento, pareceu tentar convencer Abdullah a dizer que acolheria os palestinos de Gaza. O rei, porém, disse que fará o que for melhor para seu país e anunciou que a Jordânia acolherá 2.000 crianças doentes de Gaza para receberem tratamento médico no país, oferta que americano elogiou.
Abdullah disse que as nações árabes apresentarão uma contraproposta a Washington. "A questão é como fazer isso funcionar de uma forma que seja boa para todos", afirmou, aparentando certo desconforto, sem apoiar ou se opor explicitamente ao plano de Trump.
Espremida entre a Arábia Saudita, Síria, Israel e a Cisjordânia ocupada, a Jordânia, com população de 11 milhões, já abriga mais de 2 milhões de refugiados palestinos.