O principal representante da Rússia para relações com os Estados Unidos disse nesta segunda-feira que todas as condições do presidente Vladimir Putin precisam ser totalmente cumpridas antes da guerra na Ucrânia acabar, sugerindo que Moscou está jogando duro com o presidente norte-americano Donald Trump.
Por Guy Faulconbridge e Dmitry Antonov | Reuters
MOSCOU - O ministro das Relações Exteriores da Rússia enfatizou esse ponto ao dizer que, embora Moscou esteja pronto para negociar com a Ucrânia, só haverá resultados caso "as razões fundamentais" por trás do conflito de quase três anos sejam resolvidas.
![]() |
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, em reunião bilateral na cúpula dos líderes do G20 em Osaka, Japão 28/06/2019 REUTERS/Kevin Lamarque |
Trump, que externou várias vezes sua intenção de acabar com a guerra na Ucrânia rapidamente após centenas de milhares de mortes, disse no último domingo achar que estava progredindo, embora não tenha explicado como espera que o conflito termine.
Questionado se teve alguma conversa com Putin desde que se tornou presidente em 20 de janeiro, Trump disse a jornalistas no Air Force One: "Tive. Vamos dizer que tive".
O Kremlin não confirmou e também não negou o contato.
Moscou rapidamente sublinhou que suas exigências maximalistas -- estabelecidas por Putin em junho do ano passado -- continuam sendo o ponto de partida para as negociações.
A "solução política que visualizamos não pode ser alcançada de outra maneira que não seja por meio da implementação total do que foi declarado pelo presidente Putin quando ele ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia em junho”, disse em inglês o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, em inglês, num briefing em Moscou.
"É aqui que estamos e, quanto mais cedo os EUA, o Reino Unido e outros entenderem, melhor será e mais próxima estará a solução política desejada por todos", disse Ryabkov.
No discurso de 14 de junho ao Ministério das Relações Exteriores, Putin apresentou seus termos: a Ucrânia precisa abandonar suas ambições de entrar na Otan e retirar suas tropas de todo o território das quatro regiões reivindicadas e amplamente controladas pela Rússia.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em um discurso para marcar o Dia do Serviço Diplomático, reafirmou que Moscou está pronto para negociações "nas quais nossos interesses nacionais legais sejam defendidos".
"Não os interesses de outros, mas no contexto de acordos sobre um sistema de segurança abrangente no qual ninguém seja prejudicado", disse Lavrov.
Mas qualquer acordo, afirmou, depende da "remoção completa e irreversível das razões fundamentais do conflito", incluindo a tentativa da Ucrânia de entrar na Otan e o "extermínio" de todos os aspectos da língua e da cultura russas na Ucrânia.
Kiev, que quer se juntar à Otan e recuperar controle do território perdido, se puder, disse na época que essas condições seriam equivalentes a uma rendição.