Negociações entre Trump e Putin sobre guerra na Ucrânia podem comprometer estabilidade da Europa

Os jornais franceses repercutem o anúncio de Donald Trump de iniciar imediatamente negociações com o russo Vladimir Putin sobre o fim da guerra na Ucrânia. Especialistas militares franceses consideram que concessões desequilibradas à Rússia têm potencial de comprometer a estabilidade de todo o continente europeu.


RFI

O editorial do Le Monde critica a abordagem unilateral de Trump, enfatizando que os europeus e a Ucrânia estão sendo deixados de fora dessas negociações cruciais. Entrevistado pelo jornal, o general François Lecointre, ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas, enfatizou que a exclusão dos europeus poderia enfraquecer a posição da Ucrânia e fortalecer a influência da Rússia.

Negociações entre Trump e Putin sobre guerra na Ucrânia podem comprometer estabilidade da Europa © AP - Pablo Martinez Monsivais

O Le Figaro expressa preocupações semelhantes. O general Vincent Desportes, professor de estratégia na universidade Sciences Po, criticou a abordagem de Trump, afirmando que ela pode comprometer a segurança da Ucrânia e da Europa.

O diário econômico Les Echos destaca as implicações econômicas dessas negociações, particularmente para a Europa, e sublinha a necessidade de uma abordagem que leve em consideração europeus e ucranianos para garantir uma paz duradoura. O coronel Michel Goya, analista militar, aponta que Trump pode fazer concessões favoráveis a Putin, mas perigosas para a estabilidade de todo o continente europeu.

O Libération também critica duramente o republicano por ignorar os aliados europeus e por potencialmente comprometer a segurança da Ucrânia ao aceitar concessões significativas a Putin. O general Dominique Trinquand, ex-chefe da missão militar francesa na ONU, diz que sem os europeus presentes para defender seus interesses, a Rússia pode sair fortalecida, apesar de ter iniciado a guerra em uma violação completa das regras do direito internacional.

Já o Le Parisien insiste na declaração do ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, que afirma que nenhuma paz duradoura pode ser alcançada sem a participação dos europeus. Esta também é a opinião expressada pelo general Jean-Paul Paloméros, ex-comandante da unidade de transformação da OTAN, que insistiu na importância da participação europeia para garantir uma paz equilibrada.

UE sem proteção nuclear dos EUA

Em entrevista ao portal FranceInfo, o eurodeputado francês Bernard Guetta disse que Pete Hegseth, chefe do Pentágono, sugeriu na quarta-feira (12) em Bruxelas, durante sua primeira visita à sede da OTAN, que os europeus poderiam ser privados da "proteção nuclear" americana. Guetta declarou que sem o escudo nuclear de Washington, os europeus "estão nus", pois não têm como garantir atualmente sua própria segurança.

Para o eurodeputado, Trump não pode excluir os europeus das negociações, principalmente se pretende que eles façam a futura segurança da linha de fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Guetta deu a entender que tropas de vários países europeus, incluindo França, Alemanha, Polônia, Romênia e Reino Unido poderiam ser mobilizadas nesta missão de manutenção da paz.

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