O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs nesta terça-feira o reassentamento permanente dos palestinos da Faixa de Gaza, devastada pela guerra, em países vizinhos, chamando o enclave de "local de demolição", enquanto mantinha conversações fundamentais com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Por Jeff Mason, Matt Spetalnick e Steve Holland | Reuters
WASHINGTON - Trump repetiu seu apelo para que a Jordânia, o Egito e outros países árabes recebam os habitantes de Gaza, dizendo que os palestinos de lá não tinham alternativa a não ser abandonar a faixa costeira, que precisa ser reconstruída após quase 16 meses de uma guerra devastadora entre Israel e militantes do Hamas.
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Trump e Netanyahu se reúnem na Casa Branca 04/02/2025 REUTERS/Elizabeth Frantz |
Mas, desta vez, Trump disse que apoiaria o reassentamento dos palestinos "permanentemente", indo além de suas sugestões anteriores que os líderes árabes já haviam rejeitado com firmeza.
Apenas duas semanas após o início de seu segundo mandato, Trump recebeu Netanyahu na Casa Branca para discutir o futuro do frágil cessar-fogo em Gaza, estratégias para combater o Irã e esperanças de um novo impulso para um acordo de normalização entre Israel e Arábia Saudita.
"É um local de pura demolição", disse Trump, falando pouco antes da chegada de Netanyahu, sobre Gaza.
"Se pudéssemos encontrar o pedaço de terra certo, ou vários pedaços de terra, e construir para eles alguns lugares realmente agradáveis com muito dinheiro na área, isso é certo. Acho que isso seria muito melhor do que voltar para Gaza."
"Não sei como eles (palestinos) poderiam querer ficar", disse Trump quando perguntado sobre a reação dos líderes palestinos e árabes à sua proposta.
Mais tarde, com Netanyahu ao seu lado no Salão Oval, Trump fez comentários semelhantes, mas sugeriu que os palestinos deveriam deixar Gaza para sempre "em casas bonitas e onde possam ser felizes e não sejam alvejados, não sejam mortos".
"Eles não vão querer voltar para Gaza", disse ele.
Trump não ofereceu detalhes específicos sobre como um processo de reassentamento poderia ser implementado, mas sua proposta ecoou os desejos da extrema-direita de Israel e contradisse o compromisso do ex-presidente Joe Biden contra o deslocamento em massa de palestinos.
Alguns defensores dos direitos humanos comparam a ideia de Trump à limpeza étnica.
O deslocamento forçado da população de Gaza provavelmente seria uma violação da lei internacional e sofreria forte oposição não apenas na região, mas também pelos aliados ocidentais de Washington.
Sami Abu Zuhri, autoridade sênior do Hamas, condenou os apelos de Trump para que os habitantes de Gaza saiam como "expulsão de sua terra".
"Nós os consideramos uma receita para gerar caos e tensão na região, porque o povo de Gaza não permitirá que tais planos sejam aprovados", disse ele.
Quando Netanyahu chegou à Casa Branca, Trump o cumprimentou na porta e os dois líderes sorriram para tirar fotos.
A reunião, a primeira de Trump com um líder estrangeiro desde que retornou ao cargo em 20 de janeiro, tinha como objetivo mostrar os laços estreitos entre o presidente e Netanyahu após um período de relações tensas entre o primeiro-ministro e Biden sobre a forma como Israel lidou com a guerra em Gaza.
Mas Netanyahu também pode sofrer pressão de um presidente norte-americano às vezes imprevisível, cujas metas políticas mais amplas para o Oriente Médio podem nem sempre corresponder aos interesses domésticos e geopolíticos de Netanyahu.
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