Arábia Saudita dá as boas-vindas à 'riviera' em Gaza, mas não removendo palestinos, diz embaixador

A Arábia Saudita acolheria uma riviera em Gaza, mas não removendo o povo palestino, disse um diplomata saudita sênior na quarta-feira.

Al Arabiya

O diplomata estava respondendo à recente proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de que os Estados Unidos assumissem Gaza e a transformassem na "Riviera do Oriente Médio".

Palestinos, que foram deslocados para o sul por ordem de Israel durante a guerra, voltando para suas casas no norte de Gaza, em meio a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, no centro da Faixa de Gaza, em 27 de janeiro de 2025. (Reuters)

"A posição do meu governo é que receberíamos uma riviera em Gaza. Acho que seria maravilhoso", disse o embaixador saudita no Reino Unido, príncipe Khalid bin Bandar.

"Mas não vamos fazer isso removendo o povo palestino, certamente não os movendo para a Arábia Saudita; eles não querem se mover. Você sabe, é a terra deles, é o território deles. Eles merecem tudo de melhor que podemos oferecer a eles lá, e gostaríamos de receber os esforços dos Estados Unidos para melhorar sua situação no terreno", disse o príncipe Khalid em entrevista à London Broadcasting Company (LBC).

A proposta de Trump de fazer com que os EUA controlem Gaza e desloquem palestinos provocou forte condenação em todo o mundo árabe e em grande parte da Europa. Durante uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na semana passada, Trump se referiu a Gaza como um local de demolição e sugeriu que os palestinos deveriam ser realocados para outros países em busca de melhores condições de vida.

Israel e Netanyahu foram mais longe, sugerindo que a Arábia Saudita deveria fazer um estado para os palestinos dentro do Reino, provocando reação e condenação em todo o mundo árabe.

Questionado se a Arábia Saudita forneceria realocação temporária para os palestinos, o príncipe Khalid disse que essa era uma decisão para os palestinos tomarem. "Você sabe, estamos felizes em receber pessoas e somos um país acolhedor. Se houver uma situação em que eles queiram vir para a Arábia Saudita, então eles são bem-vindos, mas eu não acho que eles querem sair", disse ele.

"Eles querem manter a posse de terras que foram ameaçadas de perder. E acho que isso é o mais importante", acrescentou.

No entanto, antes da reconstrução de Gaza, ela deve ser limpa e é preciso haver algum tipo de mecanismo de paz e um governo palestino reconhecido por todos, incluindo Israel, disse ele. "Você sabe, 75 anos atrás, muitos palestinos deixaram suas casas e as perderam. Eu não acho que eles querem fazer isso de novo", disse o príncipe Khalid.

O diplomata saudita reiterou a posição saudita sobre o conflito árabe-israelense que tem sido consistente há décadas: "É uma solução muito simples, de dois Estados baseada nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital".

Mas, disse ele, essa era a perspectiva saudita. "Mas as perspectivas importantes são as dos palestinos e dos israelenses. Ambos precisam concordar sobre qual é a solução certa. De onde estamos sentados, não vemos outra opção."

Laços Trump-MBS

Relatórios indicaram que Trump e o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman se encontrarão nos próximos meses. Trump também disse que planeja visitar a Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio.

O príncipe Khalid disse que MBS e o presidente dos EUA estavam em contato regularmente por meio de canais diplomáticos e telefonemas. "É muito importante para nós superar isso e apresentar não apenas a posição saudita, mas a posição da região", disse ele sobre o conflito de Gaza.

MBS e Trump têm um relacionamento saudável, acrescentou o príncipe Khalid, destacando que Riad trabalha duro para ter bons laços com os EUA, independentemente de quem esteja na Casa Branca.

"As pessoas muitas vezes ficam histéricas com os desenvolvimentos políticos. Esquecemos que [Trump] já teve um mandato. Nós sabemos o que aconteceu. O mundo não acabou. Na verdade, muitas partes do mundo foram melhoradas", disse ele.