Após o anúncio das autoridades israelenses sobre o adiamento da retirada das tropas do Sul do Líbano, que deveria ser concluída até domingo (26), conforme o acordo de cessar-fogo, a situação se agravou na manhã de domingo na parte sul ocupada. Os soldados israelenses abriram fogo contra civis libaneses que desobedeceram às restrições para voltar aos seus vilarejos. Um balanço provisório aponta três mortos e cerca de 30 feridos.
Paul Khalifeh | RFI em Beirute
Desde as primeiras horas do dia, milhares de moradores do sul do Líbano desafiaram as ordens do exército israelense, que proibiam o acesso a 60 localidades, e tentaram retornar aos seus vilarejos. A pé ou de carro, homens e mulheres desarmados forçaram os bloqueios do exército libanês e entraram nos vilarejos que não viam há quase 16 meses.
Sul do Líbano: exército israelense adia retirada e atira contra civis que tentam voltar a suas casas © REUTERS - Karamallah Daher |
Em várias regiões, os moradores, alguns dos quais empunhavam bandeiras libanesas e do Hezbollah, se depararam com soldados israelenses que abriram fogo para tentar afastá-los. Os soldados usaram armas automáticas e obuses de tanque para tentar conter o movimento inesperado de retorno dos civis.
No setor central da fronteira, um drone lançou duas bombas perto de um grupo de civis.
Em vários locais, o exército libanês tentou convencer os moradores a não avançar, com medo de que fossem alvos do exército israelense. As autoridades libanesas pareciam sobrecarregadas pela situação. Em uma declaração publicada na rede X, o presidente da República, Joseph Aoun, disse compartilhar com "o povo do sul a alegria da vitória" e pediu "retenção" e "confiança nas forças armadas".
O presidente libanês afirmou que "a soberania e integridade territorial do Líbano não são negociáveis" e garantiu que estava "monitorando essa questão ao mais alto nível para garantir os direitos e a dignidade" dos habitantes do Sul do Líbano.
Violação repetida do cessar-fogo
Apesar do cessar-fogo, o exército israelense continua realizando ataques regulares, alegando visar o Hezbollah, e a agência oficial de notícias libanesa, ANI, relatou explosões em vilarejos ainda ocupados. Diante dessas ações, os líderes libaneses expressaram preocupação, e o Hezbollah fez ameaças.O presidente Joseph Aoun havia solicitado ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, durante uma conversa telefônica, "obrigar Israel a cumprir as cláusulas do acordo de cessar-fogo". O líder francês, por sua vez, pediu às partes envolvidas no cessar-fogo no Líbano que honrassem seus compromissos "o mais rápido possível".
O exército libanês, que deveria estar presente em todo o sul, havia denunciado no sábado (25) o "adiamento" de Israel em sua retirada das áreas ocupadas. Uma fonte de segurança libanesa afirmou que o exército libanês estava cumprindo totalmente seus compromissos e procedeu ao desmantelamento ou apreensão de 500 infraestruturas militares do Hezbollah no sul do rio Litani.
O Hezbollah, que havia adotado uma postura mais reservada desde o fim da guerra, intensificou o tom nos últimos dois dias. Um de seus deputados, Hussein Hajj Hassan, afirmou que o partido "tomará as medidas necessárias se a ocupação israelense continuar".