Os dois, porém, não estavam posicionados nas mesmas unidades
O Globo, com agências internacionais
Nova Orleans e Las Vegas - O veterano do Exército dos EUA Shamsud-Din Jabbar, identificado como o suspeito no ataque que deixou 14 mortos em Nova Orleans na celebração de ano-novo, e o militar da ativa Matthew Alan Livelsberger, apontado como o provável motorista do Tesla Cybertruck que explodiu em Las Vegas na quarta-feira, serviram na base militar de Fort Brag, na Carolina do Norte, afirmou nesta quinta-feira a polícia de Las Vegas em uma entrevista coletiva. Os dois, porém, não atuaram na mesma unidade.
Bourbon Street, em Nova Orleans — Foto: Reprodução de vídeo |
Além disso, Jabbar e Livelsberger foram enviados ao Afeganistão na mesma época, embora também não na mesma unidade ou mesma região. Para confirmar Livelsberger como motorista do Tesla Cybertruck, o FBI (polícia federal americana) aguarda confirmação de testes de DNA, já que o corpo ficou amplamente queimado. Apesar disso, a investigação aponta que o motorista, que estava com duas armas semiautomáticas legalmente adquiridas em 30 de dezembro, morreu por um disparo autoinfligido.
As autoridades disseram que avaliam "estranhas similaridades" entre o ataque de Nova Orleans e o incidente em Las Vegas, mas que ainda não estabeleceram nenhuma ligação clara.
— Se estas forem simplesmente semelhanças, são semelhanças muito estranhas de se ter — disse o chefe da polícia de Las Vegas, o xerife Kevin McMahill.
Previamente, o vice-diretor assistente Christopher Raia, da divisão de contraespionagem do FBI, afirmou que as investigações sobre os casos seguem todas "as pistas potenciais", mas que, até agora, "não há nenhum vínculo definitivo" entre os dois episódios.
Os dois ataques foram lançados no primeiro dia do ano-novo por meio de veículos alugados no mesmo aplicativo de locação de automóveis, o Turo. Em um comunicado, a empresa disse que colaborava "com autoridades policiais enquanto investigam ambos os incidentes" e que não tinha nenhuma informação de que os locatários dos veículos tivessem antecedentes criminais "que os identificariam como uma ameaça à segurança".
Livelsberger alugou a caminhonete elétrica da Tesla que pegou fogo e explodiu em frente a um hotel pertencente ao presidente eleito, Donald Trump, em Las Vegas. Cidadão americano de 37 anos de Colorado Springs, Colorado, Livelsberger morreu na explosão, que feriu levemente outras sete pessoas. Segundo investigadores, o veículo estava cheio de morteiros tipo fogos de artifício, combustível de acampamento e botijões de gás quando explodiu na manhã de quarta-feira.
Ainda não está clara a motivação para a ação, disse a polícia na coletiva desta quinta-feira, acrescentando que, porém, "não passou despercebido" o fato de que a explosão ocorreu com um carro da Tesla, da empresa de Elon Musk, em frente a um hotel de Trump — os dois são aliados próximos.
O FBI está conduzindo operações e buscas em Colorado Springs em relação à explosão do Cybertruck, disseram fontes à ABC News. Os investigadores também seguem em pelo menos quatro estados e no exterior, disseram fontes.
Já Jabbar, cidadão americano de 42 anos do Texas, usou o aplicativo para alugar uma picape Ford elétrica que avançou com toda a velocidade contra um multidão nas primeiras horas do dia de ano-novo, deixando 15 mortos e dezenas de feridos.
Na entrevista coletiva desta quinta-feira, Raia disse que o FBI agora acredita que ninguém mais esteve envolvido diretamente no ataque em Nova Orleans. A declaração é uma mudança de posição em relação a afirmações prévias de autoridades da agência e também da procuradora-geral da Louisiana, Liz Murrill, que disse em entrevista à NBC News que podia afirmar "com alguma certeza" que havia "múltiplas pessoas envolvidas" no ataque, investigado como um ato terrorista.
Segundo Raia, técnicos do FBI encontraram duas bombas caseiras em coolers de cerveja. Um dos coolers estava no cruzamento das ruas Bourbon e Orleans, e o segundo a dois quarteirões de distância.
Houve vários relatos de outros aparatos potencialmente explosivos, porém estes não eram funcionais, disse Raia, afirmando haver imagens de vigilância que mostram o suspeito colocando as duas bombas caseiras nos locais onde foram encontradas pelas autoridades.
De acordo com informações da mídia local, a polícia passou várias horas na quarta-feira vasculhando um bairro nos subúrbios de Houston, cidade onde nasceu Jabbar, incluindo uma casa que teria relação com o veterano do Exército. Raia confirmou nesta quinta-feira que um mandado de busca está sendo cumprido em uma propriedade de Mandeville, em Nova Orleans. Na propriedade, três celulares relacionados a Jabbar foram recuperados, assim como dois laptops. Todo o material está sendo inspecionado no momento.
A confirmação de que o motorista de Nova Orleans levava uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico no momento do ataque abriu uma série de questionamentos sobre o grau de envolvimento entre o veterano do Exército americano e a organização. Em vídeos postados nas redes sociais pouco antes do ataque, Jabbar afirmou que tinha "desejo de matar", segundo afirmou o presidente dos EUA, Joe Biden, ao se referir ao caso. Especialistas apontam que os investigadores precisam determinar o mais rapidamente possível se Jabbar agiu apenas inspirado pelo EI ou se tinha vínculos de fato com o grupo.
— Eu acredito que o desafio para o FBI agora é este: isso foi inspirado ou foi um ataque direto do EI? — disse Sajjan Gohel, diretor de Segurança Internacional da Asia-Pacific Foundation, em entrevista à rede americana CNN.
(Com AFP e NYT)