Em visita a Kiev, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, cujo país é um dos principais apoiadores da Ucrânia contra a Rússia, assinou com o presidente Volodymyr Zelensky um acordo "histórico" nesta quinta-feira (16), para uma parceria de "100 anos" entre Kiev e Londres. Na quarta-feira (15), a França começou a entregar os primeiros trilhos de aço destinados à reconstrução da rede ferroviária ucraniana.
RFI
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, chegou a Kiev esta manhã, quando pôde constatar o clima de tensão no qual vivem os ucranianos diante da ameaça russa. Uma sirene soou, seguida de fortes explosões, enquanto um drone sobrevoava o centro da capital.
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Países ocidentais entram em nova etapa de ajuda para reconstrução e apoio militar à Ucrânia © Carl Court / Reuters |
"A defesa aérea está operando", afirmou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, em mensagem no Telegram. Pouco antes, a Força Aérea ucraniana havia informado que um "drone inimigo" se aproximava da capital pelo leste.
Starmer, premiê trabalhista do Reino Unido, visita a Ucrânia pela primeira vez desde que foi eleito, em julho. Ele assinou um tratado de defesa, energia e comércio com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, de acordo com comunicado de Downing Street.
O objetivo "principal" é "garantir que a Ucrânia esteja na posição mais forte possível em 2025", disse Starmer à imprensa britânica, enquanto visitava soldados ucranianos feridos em um hospital.
Após três anos de invasão russa, o exército ucraniano está exausto e recuando na frente de batalha. "A ambição de Putin de alienar a Ucrânia de seus parceiros mais próximos foi um fracasso estratégico monumental. Pelo contrário, estamos mais próximos do que nunca e esta parceria levará nossa amizade para um outro nível", disse Keir Starmer.
"Juntos, assinamos um acordo histórico, o primeiro do gênero, uma nova parceria entre o Reino Unido e a Ucrânia que reflete o enorme afeto que existe entre nossas ações", acrescentou Starmer, após a assinatura em Kiev. "É um lembrete sombrio do alto preço que a Ucrânia está pagando" nesta guerra, observou. "Portanto, devemos fornecer o apoio necessário" e "nunca relaxar nossos esforços", garantiu o primeiro-ministro, que também depositou flores em um memorial aos soldados ucranianos mortos na guerra.
De acordo com Zelensky, ele e Starmer discutiriam ainda a possibilidade de posicionar tropas ocidentais na Ucrânia para supervisionar um possível acordo de cessar-fogo, uma proposta apresentada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Reconstrução
Keir Starmer também deve anunciar uma ajuda adicional de £ 40 milhões (US$ 50 milhões) para a recuperação econômica da Ucrânia, de acordo com Downing Street.O Reino Unido tem sido um dos principais apoiadores militares de Kiev desde o início da guerra. Em particular, fornece ao exército ucraniano mísseis Storm Shadow, usados por Kiev para atingir alvos militares e energéticos em solo russo.
Londres prometeu £ 12,8 bilhões (€ 15,2 bilhões) em ajuda militar e civil à Ucrânia desde o início da invasão russa e treinou mais de 50.000 soldados ucranianos em solo britânico, de acordo com números oficiais.
Em julho de 2024, o governo trabalhista prometeu fornecer £ 3 bilhões por ano até 2030-2031 em apoio militar para Kiev.
Na quarta-feira, a França começou a entregar à Ucrânia os primeiros trilhos de aço reciclado produzidos pelo grupo alemão Saarstahl na França, destinados à reconstrução da rede ferroviária ucraniana, conforme anúncio do Tesouro francês, que financia a operação.
De acordo com o Paris, os primeiros trilhos, cerca de 1.093 toneladas de aço, saíram das fábricas francesas de trem para a estação de Mostyska, na Ucrânia. As entregas serão mensais ao longo de 2025.
O acordo intergovernamental franco-ucraniano foi assinado em 13 de dezembro de 2022 em Paris, durante uma conferência para a reconstrução da Ucrânia, dez meses após a invasão do país pela Rússia.
O Tesouro francês concedeu um empréstimo de € 37,6 milhões para a produção e embarque de 20.000 toneladas de trilhos, destinados a reparar quase 150 quilômetros de ferrovias na Ucrânia. O aço vem de uma fábrica do grupo alemão Saarstahl (ex-Ascoval) perto de Valenciennes (norte da França), onde é produzido a partir de sucata reciclada. O material foi então transformado em trilhos em Hayange (leste).
Desde a destruição do complexo siderúrgico de Azovstal, na Ucrânia, pela Rússia, o país foi privado de seu principal fornecedor de trilhos, embora tenha a terceira maior rede ferroviária europeia, atrás da Alemanha e da França.
(Com AFP)
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