Ministros das Relações Exteriores de Alemanha e França se reúnem com novos governantes da Síria em Damasco

Os ministros das Relações Exteriores de Alemanha e França disseram que querem forjar um novo relacionamento com a Síria e pediram uma transição pacífica, ao se encontrarem com o líder de facto do país, Ahmed al-Sharaa, em Damasco, nesta sexta-feira, em nome da União Europeia.


Reuters

BERLIM/PARIS - Annalena Baerbock, da Alemanha, e Jean-Noël Barrot, da França, são os primeiros ministros da UE a visitar a Síria desde que os rebeldes assumiram o controle de Damasco em 8 de dezembro e forçaram o presidente Bashar al-Assad a fugir após mais de 13 anos de guerra civil, pondo fim ao governo de décadas de sua família.

Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, em entrevista coletiva em Damasco, Síria 03/01/2025 REUTERS/Khalil Ashawi

A viagem tem como objetivo enviar uma mensagem de otimismo cauteloso aos rebeldes islâmicos liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), de Sharaa, mostrando uma abertura para reconhecer os novos governantes e, ao mesmo tempo, pedir moderação e respeito aos direitos das minorias.

"Nossa mensagem para a nova liderança da Síria: respeitar os princípios acordados com os atores regionais e garantir a proteção de todos os civis e minorias é de extrema importância", escreveu Kaja Kallas, chefe de política externa da UE, na plataforma de rede social X sobre a viagem.

Os ministros se encontraram com Sharaa no Palácio do Povo de Damasco, mas até agora nenhum detalhe de suas conversas foi divulgado.

Desde a destituição de Assad, os novos governantes da Síria têm procurado garantir aos países árabes e à comunidade internacional que governarão em nome de todos os sírios e não exportarão a revolução islâmica.

Os governos ocidentais começaram a abrir gradualmente canais com Sharaa e o HTS, um grupo muçulmano sunita anteriormente afiliado a Al Qaeda e ao Estado Islâmico, e estão começando a debater se devem remover a designação terrorista do grupo.

Ainda há uma série de questões sobre o futuro de um país multiétnico onde Estados estrangeiros, como Turquia e Rússia, têm interesses fortes e potencialmente conflitantes.

MÃO ESTENDIDA

Baerbock disse que estava viajando para a Síria com uma "mão estendida" e também com "expectativas claras" em relação aos novos governantes, que, segundo ela, seriam julgados por suas ações.

"Sabemos de onde o HTS vem ideologicamente, o que ele fez no passado", disse Baerbock em uma declaração antes da viagem, acrescentando que um novo começo para as relações aconteceria apenas se não houvesse lugar para o extremismo e grupos radicais.

"Mas também ouvimos e vemos o desejo de moderação e de entendimento com outros atores importantes", acrescentou, citando as conversas com as Forças Democráticas Sírias Curdas, aliadas dos EUA.

O objetivo agora é que a Síria volte a ser um membro respeitado da comunidade internacional, disse, o que também faz parte dos interesses de segurança da Europa.

Da mesma forma, Barrot expressou sua esperança de uma Síria "soberana e segura" que não deixará espaço para o terrorismo, armas químicas ou agentes estrangeiros malignos, durante uma reunião com representantes de organizações da sociedade civil síria.

(Reportagem de Miranda Murray, em Berlim; Riham Alkousaa, em Damasco; e John Irish, Tassilo Hummels, Dominique Vidalon, Elizabeth Pineau e Ingrid Melander, em Paris)

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