A Arábia Saudita pediu neste domingo (12) que as sanções impostas à Síria sejam suspensas, no final de uma reunião em Riade da qual participaram altos diplomatas do Oriente Médio e dos países do Ocidente, incluindo os Estados Unidos, para discutir a transição e o futuro do país devastado pela guerra.
France Presse
Um mês após a queda do ex-presidente Bashar al Assad, a Arábia Saudita, a maior economia do Oriente Médio, está tentando aumentar sua influência na Síria, que agora é administrada por um governo de transição dominado por islamistas radicais.
Chefes da diplomacia do Oriente Médio e da Europa posam para uma foto antes do início da reunião sobre a Síria, em 12 de janeiro de 2025, em Riad © Fayez Nureldine |
O chefe da diplomacia saudita, príncipe Faisal bin Farhan, pediu que "as sanções unilaterais e internacionais impostas à Síria sejam suspensas" para permitir seu "desenvolvimento e reconstrução".
Duas reuniões foram realizadas em Riade, a primeira entre os países árabes e a segunda incluindo representantes de França, Reino Unido, Alemanha, Turquia, Estados Unidos, União Europeia e ONU.
A Síria esteve representada por seu novo ministro das Relações Exteriores, Asaad al Shaibani, nomeado pelo governo de transição formado pela coalizão de rebeldes que derrubaram Assad.
Os países ocidentais, principalmente os Estados Unidos e a União Europeia, impuseram sanções ao governo de Bashar al Assad após a repressão brutal aos protestos pró-democracia em 2011, o que desencadeou uma guerra civil que matou mais de meio milhão de pessoas e deslocou milhões.
O governo de transição é liderado por Ahmed al Sharaa, outrora dirigente do Hayat Tahrir al Sham (HTS), o grupo insurgente dominante na coalizão que derrubou Assad, que anunciou em dezembro a dissolução de seu braço armado.
O novo Executivo pressiona pelo levantamento das sanções, mas muitos países declararam que preferem esperar para ver como as novas autoridades exercem seu poder antes de tomar uma decisão.
A Arábia Saudita rompeu relações com o governo Assad em 2012 e, durante muito tempo, defendeu abertamente a sua destituição. Mas, em 2023, sediou uma reunião da Liga Árabe na qual Assad foi reabilitado na organização.
- Alemanha quer 'um enfoque inteligente' -
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, disse na sexta-feira que os 27 países do bloco poderiam aliviar "gradualmente" suas sanções "desde que haja um progresso tangível" por parte das novas autoridades.Os chanceleres europeus vão se reunir em 27 de janeiro para abordar o tema, segundo Kallas.
Entre as prioridades para o levantamento das sanções figuram "aquelas que dificultam a reconstrução" e "o acesso aos serviços bancários", declarou Kallas aos jornalistas em Riade.
"Se observarmos que os acontecimentos estão na direção certa, estamos preparados para dar os próximos passos", acrescentou.
A ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou aos jornalistas que seu governo deseja um "enfoque inteligente" que permita a chegada de ajuda aos sírios.
"As sanções contra as pessoas próximas a Bashar al Assad, que foram responsáveis por crimes graves durante a guerra civil, devem permanecer em vigor", disse, mas acrescentou que "a população síria" precisa "se beneficiar rapidamente dos efeitos positivos da transição".
O subsecretário de Estado dos Estados Unidos, John Bass, também esteve presente no encontro após uma visita à Turquia, onde ressaltou "a importância da estabilidade regional e de impedir que a Síria seja utilizada como base para o terrorismo".
Na semana passada, o Departamento do Tesouro de Estados Unidos indicou que vai suavizar temporariamente as restrições que afetam serviços essenciais como energia e saneamento.
Contudo, altos funcionários de Washington afirmam que os Estados Unidos vão esperar para ver os progressos antes de flexibilizar o conjunto das sanções.
Em uma declaração da presidência de ambas as reuniões celebradas em Riade, publicada na noite deste domingo pelos meios de comunicação estatais sauditas, não há menção a um chamado de todos os participantes do encontro para que se aliviem as sanções.
O texto assinala que "foram discutidos os próximos passos para apoiar o povo irmão sírio e lhe proporcionar toda a ajuda e o apoio nesta importante etapa de sua história".
O comunicado também expressa preocupação pela entrada de Israel na zona de amortecimento que separa as forças israelenses e sírias nas Colinas de Golã.
A reunião deste domingo é parte de um processo iniciado com as conversas sobre a Síria pós-Assad que ocorreram em dezembro na Jordânia.
Nesse encontro, a comunidade internacional definiu as condições do diálogo com os novos dirigentes sírios, em particular a respeito dos direitos das minorias e das mulheres, bem como a luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
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