Advogada brasileira que entrou com ação contra soldado israelense é ativista pró-Palestina

Maira Pinheiro nega incorrer em discurso de ódio e diz sofrer ameaças após Justiça mandar PF investigar militar; 'tem gente dizendo que quer me estuprar'


José Marques | Folha de S.Paulo

Brasília - A advogada Maira Pinheiro, que pediu a abertura de um inquérito da Polícia Federal contra um soldado israelense que esteve na Bahia por supostos crimes de guerra em Gaza, é ativista pró-Palestina e disse que passou a ser ameaçada após a Justiça determinar a apuração.

A advogada Maira Pinheiro - Reprodução/Youtube

Ela declarou que vem sofrendo ameaças à sua vida, ataques machistas e também intimidações contra a sua filha nas redes sociais.

"Começou logo cedo, com umas mensagens bem assustadoras, em fotos de minha filha, com ameaças de violência, de estupro, de morte, [como] 'vamos entregar você para o Mossad'", afirmou Maira à Folha. "Mas eu acredito nas instituições brasileiras."

Ao rebater as ameaças em publicações nas redes sociais, ela usou o termo "siolixos", em uma referência a sionistas, e disse que eles têm "obsessão em causar mal às crianças" e uma "natureza misógina e essencialmente violenta". Disse ainda que vai "caçar um por um esses criminosos de guerra". "Saibam que sua paz acabou", escreveu a advogada.

Questionada, Maira declarou ter tranquilidade de que não incorreu em discurso de ódio. "Fiz um critica ao Estado, ao regime, e não a um povo", afirmou.

Ela disse que suas publicações sobre a Palestina "têm embasamento tanto na nossa ordem constitucional como em resoluções das Nações Unidas que reconhecem o direito de autodeterminação [direito dos povos de decidir sobre sua forma e sistema de governo e desenvolvimento]".

"Eu sabia que essas questões poderiam ser exploradas quando fiz esses questionamentos públicos, mas não vou me censurar, porque tem gente dizendo que quer me estuprar", afirmou. "O que eu digo na minha rede social não tem a ver com o trabalho técnico que desempenhei."

Nas publicações, a advogada exibiu mensagens de pessoas que afirmaram que ela vai "receber o que merece" e que "haverá horríveis notícias envolvendo o seu nome" por ter feito o pedido de investigação.

Maira apresentou na noite deste domingo (5) ocorrência na Polícia Federal e notícia de fato no Ministério Público Federal por suposto crime de coação no curso do processo.

Foi o pedido dela e do advogado Caio Patricio de Almeida que provocou a abertura, por determinação da Justiça Federal em Brasília, de um inquérito para investigar o soldado Yuval Vagdani, que esteve no fim de ano na praia de Morro de São Paulo, no município baiano de Cairu.

A decisão é de 30 de dezembro, e os advogados brasileiros foram contatados pela Fundação Hind Rajab, que diz monitorar possíveis autores de crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza. O nome da entidade é uma homenagem a uma menina palestina de 6 anos encontrada morta em fevereiro do ano passado após uma ação atribuída a Israel.

Simpática à causa palestina, Maira afirmou que tinha se colocado à disposição da fundação e foi contratada quando houve a necessidade de atuação no Brasil.

A advogada disse que, para apresentar o pedido, foi feito um trabalho rigoroso de pesquisa e inteligência por meio de fontes abertas. Para a Embaixada de Israel em Brasília, "o peticionário representa uma organização estrangeira e está explorando de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel tanto globalmente quanto no Brasil".

1 Comentários

  1. Os estupros de palestinos por israelenses estão muito bem documentados, com casos filmados e fotografados. Esses terroristas nazistas têm que pagar pelo genocídio que cometem.

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