Igor Gromyko observou que, em agosto, o governo de transição do Mali anunciou o término das relações diplomáticas com a Ucrânia
TASS
NAIRÓBI - A Ucrânia abriu sua segunda frente na África, lutando para derrotar a Rússia no campo de batalha, disse o embaixador de Moscou no Mali e no Níger, Igor Gromyko, à TASS.
Embaixador russo no Mali e no Níger, Igor Gromyko © Ministério das Relações Exteriores da Rússia |
"Incapaz de derrotar a Rússia no campo de batalha, o regime de Vladimir Zelensky decidiu abrir uma 'segunda frente' na África, apoiando formações armadas ilegais destinadas a estados amigos de Moscou no continente", afirmou o embaixador.
Ele observou que, em agosto, o governo de transição do Mali anunciou o término das relações diplomáticas com a Ucrânia. Esta decisão foi motivada por declarações de Andrey Yusov, porta-voz da Diretoria Principal de Inteligência da Ucrânia, e do embaixador da Ucrânia no Senegal, Yury Pivovarov, sobre a suposta assistência de Kiev a militantes que atacaram militares malianos em 25 e 27 de julho na parte norte do país.
"Entendemos os motivos que levaram os malianos a cortar os laços com Kiev. O fato de cooperar com terroristas não é surpreendente. Em nosso país, continua a empregar métodos proibidos - cometendo sabotagem, assassinatos políticos e bombardeando regularmente a infraestrutura civil", acrescentou o embaixador.
Gromyko observou que o governo do Mali alertou os países que apoiam Kiev que tais ações seriam consideradas como ajuda ao terrorismo internacional. O Mali também pediu às nações africanas que condenem as atividades subversivas da Ucrânia, que alegam ameaçar a estabilidade do continente. Essa postura ressoou em toda a região: o Senegal convocou o embaixador de Kiev em Dakar ao seu Ministério das Relações Exteriores, Burkina Faso emitiu declarações negativas sobre o assunto e, em 6 de agosto, o Níger anunciou sua decisão de romper relações diplomáticas com a Ucrânia, lembrou Gromyko.
Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores do Mali, Abdoulaye Diop, disse à TASS em uma entrevista que terroristas, apoiados pela Ucrânia e alguns dos ex-parceiros de Bamako, estavam buscando uma mudança de regime no Mali, Níger e Burkina Faso. Segundo o ministro, o terrorismo que o Mali enfrenta é criado artificialmente e "tem objetivos políticos, como a mudança de regime". O jornal Le Monde informou que especialistas ucranianos treinam terroristas no Mali desde 2024 para enfrentar as tropas do governo, inclusive ensinando-os a lutar e fazer drones carregados com explosivos.
Alguns militantes viajaram para a Ucrânia para treinamento, enquanto outros foram treinados localmente por instrutores militares ucranianos em áreas sob seu controle no norte do Mali. Em 20 de agosto, as autoridades de Burkina Faso, Mali e Níger enviaram uma carta ao presidente do Conselho de Segurança da ONU, condenando veementemente o "apoio oficial e inequívoco do governo ucraniano ao terrorismo na África, particularmente no Sahel". Além disso, o Mali, seguido pelo Níger, anunciou o rompimento das relações diplomáticas com Kiev devido ao seu apoio aos terroristas.