Exército turco intensificou operações na fronteira contra as Forças Democráticas Sírias (FDS), considerada extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização proibida no país
Por O Globo e agências internacionais — Istambul
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta quarta-feira que seu país e o Líbano concordaram em agir juntos na Síria após a queda de Bashar al-Assad, deposto por uma aliança de rebeldes liderados por islamistas. Para Erdogan, "este é um período-chave no qual devemos agir com unidade, solidariedade e reconciliação".
— Uma nova era começou na Síria. Concordamos que devemos agir juntos, como dois importantes vizinhos da Síria — disse Erdogan durante uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati. — A estabilidade da Síria determina a estabilidade da região.
Uma coalizão de grupos rebeldes liderados pelo grupo islamista Hayet Tahrir al-Sham (HTS) tomou o poder na Síria em 8 de dezembro, depois que uma ofensiva relâmpago depôs o presidente Bashar al-Assad, que fugiu para Moscou depois de governar o país com mão de ferro por mais de 20 anos.
Questão curda
Desde então, a Turquia intensificou suas operações na fronteira contra as Forças Democráticas Sírias (FDS), considerada uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização proibida no país. O governo turco também se mostrou "disposto" a fornecer ajuda militar caso o novo governo da Síria solicite, como declarou no domingo o ministro da Defesa turco, Yasar Güler. Segundo um monitor de guerra da Síria, 21 combatentes pró-Turquia foram mortos nesta quarta-feira após atacarem uma posição mantida pelos curdos perto de uma cidade do norte, apesar de uma extensão de cessar-fogo mediada pelos EUA na área.Segundo Güller, a prioridade da Turquia na Síria é combater os separatistas curdos do PKK e das Unidades de Proteção Popular (YPG), um objetivo que, segundo ele, é compartilhado pelo novo governo sírio. As FDS são apoiadas por Washington, que veem a coalizão como "fundamental" para evitar um ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no país.
Também nesta quarta-feira, a Turquia rejeitou a afirmação do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de que a derrubada rebelde teria sido uma "tomada hostil" por parte de Ancara.
— Não chamaríamos isso de uma tomada de poder, seria um erro grave apresentar o que está acontecendo na Síria nesses termos — disse o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, à emissora al-Jazeera. — Para o povo sírio, não se trata de uma tomada de poder. É a vontade do povo sírio que está assumindo o poder agora.
Ele também disse que as potências mundiais deveriam remover o grupo HTS de sua lista de observação de terroristas.
— Acho que é hora da comunidade internacional, começando pela ONU, remover o nome deles da lista de terrorismo — disse Fidan.
(Com AFP)
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