A ONU chama os hospitais de Gaza de "armadilha mortal" devido aos ataques israelenses e rejeita as acusações infundadas de Israel de que o Hamas usa esses centros.
HispanTV
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Volker Turk, mencionou em um relatório de 23 páginas na terça-feira que o padrão de ataques mortais de Israel a hospitais e seus arredores em Gaza levou o sistema de saúde da Faixa à beira do colapso total, com efeitos catastróficos no acesso dos palestinos à saúde e cuidados médicos.
"Como se o bombardeio incessante e a terrível situação humanitária em Gaza não bastassem, o único santuário onde os palestinos deveriam se sentir seguros na verdade se tornou uma armadilha mortal", reflete o relatório do Alto Comissariado da ONU.
O documento refere-se à agressão brutal do regime sionista contra o hospital Kamal Adwan e menciona que o ataque deixou a população do norte de Gaza praticamente sem acesso a cuidados de saúde adequados.
O relatório detalha graficamente a destruição do sistema de saúde em Gaza e a extensão das mortes de pacientes, funcionários e outros civis nesses ataques, em flagrante desrespeito ao direito internacional humanitário e aos direitos humanos.
Ataques de Israel a hospitais de Gaza são potenciais crimes de guerra
Durante o período coberto pela investigação, houve pelo menos 136 ataques a pelo menos 27 hospitais e 12 outras instalações médicas, resultando em baixas significativas entre médicos, enfermeiros, profissionais de saúde e outros civis e causando danos significativos, se não destruição total, à infraestrutura civil.O documento descreve como crimes de guerra atos como "dirigir intencionalmente ataques a hospitais e locais onde os doentes e feridos são tratados, desde que não sejam objetivos militares; dirigir intencionalmente ataques contra a população civil como tal, ou contra civis individuais que não participam diretamente das hostilidades", entre outras atrocidades.
ONU: Nenhuma evidência de que os hospitais estavam sendo usados para fins militares
O relatório de Direitos Humanos da ONU conclui que as alegações de Israel de que os hospitais de Gaza estavam sendo mal utilizados para fins militares por grupos palestinos eram "vagas"."Não foram fornecidas informações suficientes até agora para corroborar essas alegações, que permanecem vagas e gerais e, em alguns casos, parecem contradizer as informações publicamente disponíveis", disse o documento.
Os impactos das operações militares israelenses dentro e ao redor dos hospitais, e os combates associados, vão muito além das estruturas físicas, conclui o relatório.
A ONU também denuncia o uso de armas pesadas em ataques a hospitais, "como munições lançadas do ar com efeitos abrangentes". A esse respeito, o documento acrescenta que o uso de armas explosivas com efeitos abrangentes em uma área densamente povoada levanta sérias preocupações de que se trata de um ataque indiscriminado.
Diante desses ataques, "é essencial que investigações independentes, completas e transparentes sejam realizadas sobre todos esses incidentes e que haja total responsabilização por todas as violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos que ocorreram", disse Turk.
Os centros de saúde em Gaza estão sob ataque constante após mais de um ano de guerra. O genocídio israelense na Faixa sitiada custou a vida de mais de 45.500 palestinos. A maioria deles mulheres e crianças.