Nova noite de protestos na Geórgia termina com dezenas de feridos

Mais de 40 pessoas ficam feridas em terceira noite consecutiva de protestos na capital do país do Cáucaso. Crise se agravou após decisão do governo pró-russo de suspender processo de adesão à UE.


Deutsch Welle

Pelo menos 44 pessoas foram hospitalizadas entre a noite de sábado (30/11) e a madrugada de domingo na Geórgia após a polícia usar canhões de água e gás lacrimogêneo contra manifestantes durante a terceira noite de protestos contra a decisão do governo de suspender o processo de adesão do país do leste europeu à União Europeia.

Manifestantes pró-UE em Tbilisi © Irakli Gedenidze/REUTERS

Como ocorreu nas duas noites anteriores, dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se em frente ao parlamento, na capital Tbilisi, atirando pedras e lançando fogo-de-artifício. Uma imagem do fundador do partido governista, O Sonho Georgiano, Bidzina Ivanishvili – um bilionário que fez fortuna na Rússia – foi queimada em frente ao parlamento.

Para dispersar os manifestantes, o batalhão de choque da polícia utilizou balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água. Horas depois, o Ministério do Interior da Geórgia informou neste domingo que 27 manifestantes, 16 policiais e um jornalista foram hospitalizados.

O primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, ligado a Ivanishvili, advertiu u que "qualquer violação da lei será enfrentada com todo o rigor da lei".

O país do Cáucaso enfrenta uma crise política desde outubro, quando o partido governista, Sonho Georgiano, declarou vitória nas eleições legislativas. Tanto a oposição quanto a presidente pró-europeia Salomé Zurabishvili alegam que houve fraude eleitoral e que o Sonho Georgiano é um partido-fantoche da Rússia.

A tensão aumentou na última quinta-feira, após o governo, acusado de adotar uma postura autoritária pró-Rússia, decidir adiar as negociações para adesão à UE até 2028, embora tenha afirmado que espera alcançar a adesão até 2030. A Geórgia é candidata a integrar o bloco desde 2023.

A decisão levou a oposição pró-europeia a organizar protestos, tanto na capital, Tbilisi, quanto em outras cidades.

Na noite de sexta-feira, manifestações já haviam terminado com 107 pessoas presas por "desobediência a ordens policiais" e "atos de vandalismo", segundo o Ministério do Interior.

"Mais uma noite de violência em Tbilisi: o governo ilegítimo tenta com meios ilegais silenciar os georgianos que defendem a sua Constituição e a integração na Europa”, escreveu neste domingo na rede social X a presidente da Geórgia, Salomé Zubashvili, opositora declarada do Sonho Georgiano, o partido governista.

Zubashvili, cujo mandato termina no próximo dia 16, anunciou que não deixará o cargo de chefe de Estado porque o atual Parlamento é ilegítimo e não pode eleger o novo presidente, cujos poderes são apenas representativos, de acordo com a Constituição.


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