A Turquia, que apoia facções da oposição na Síria, rejeitou na segunda-feira qualquer sugestão de que "interferência estrangeira" esteja por trás da ofensiva lançada por combatentes da oposição no norte do país.
Al Arabiya
"Seria um erro neste momento tentar explicar os eventos na Síria por qualquer interferência estrangeira", disse o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, em uma coletiva de imprensa conjunta em Ancara com seu colega iraniano, Abbas Araghchi.
O recente surto que viu Damasco perder faixas de território no noroeste da Síria, incluindo Aleppo, durante uma ofensiva relâmpago de combatentes da oposição, deveu-se ao fracasso do governo sírio em dialogar com grupos de oposição, disse ele.
"A falta de negociações entre o regime e a oposição trouxe o problema a este ponto", disse ele, descrevendo-o como "um erro ignorar as demandas legítimas da oposição".
"Damasco deve se reconciliar com seu próprio povo e a oposição legítima", acrescentou.
A Turquia "não quer uma escalada da guerra civil", disse o ministro, que disse ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em um telefonema no domingo, que Ancara apoiaria medidas "para reduzir a tensão" na Síria.
'Proteger o processo de paz de Astana'
Araghchi disse que era crucial "proteger as conquistas do processo de Astana" para acabar com a guerra civil da Síria, que agrupa Ancara, Moscou e Teerã, e prometeu convocar novas negociações ministeriais na capital cazaque "em breve".A última reunião ocorreu em meados de novembro.
"A Síria não deve se tornar um centro para grupos terroristas", alertou Araghchi em referência às facções da oposição que realizaram o ataque da semana passada.
Fidan também disse que era "importante que as organizações terroristas não se aproveitassem da instabilidade", embora estivesse se referindo aos combatentes liderados pelos curdos que Ancara vê como uma ramificação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O PKK liderou uma insurgência de décadas contra a Turquia.
Tropas turcas e facções de oposição apoiadas pela Turquia controlam grande parte do norte da Síria, e Ancara está preocupada que o recente surto de combates possa aumentar o fluxo de pessoas que fogem pela fronteira.
"Não queremos que civis sejam mortos, cidades bombardeadas ou pessoas deslocadas. Queremos que essas pessoas deslocadas possam voltar. O fluxo de refugiados deve ser revertido", disse ele.
A Turquia já está abrigando cerca de 3,2 milhões de refugiados sírios, de acordo com dados da ONU.
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, classificou na segunda-feira a ofensiva da oposição como uma tentativa de redesenhar o mapa da região de acordo com os interesses dos EUA em um telefonema com seu colega iraniano, Masoud Pezeshkian.
Tanto o Irã quanto a Rússia, que apoiaram Assad desde que a guerra civil da Síria eclodiu em 2011, disseram que ajudarão Damasco a reagir depois de perder Aleppo, com Teerã confirmando que manterá seus "conselheiros" militares na Síria.
O Irã enviou milhares de combatentes para a Síria desde que o conflito eclodiu.
Com AFP