Em visita à Noruega, Boris Pistorius afirmou que ameaça marítima crescente da Rússia justifica necessidade de mais submarinos e investimentos conjuntos em defesa com aliados.
Deutsch Welle
Apesar da situação de escassez de dinheiro do governo federal, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, anunciou que quer encomendar quatro novos submarinos que custam, juntos, 4,7 bilhões de euros (aproximadamente R$29,9 bilhões).
Boris Pistorius em empresa de defesa situada em Schrobenhausen, na Alemanha © MBDA/Bernhard Huber |
O preço de compra poderá ser ainda maior, uma vez que o ministério já fez o pedido de uma quantia adicional de 2,4 bilhões de euros, segundo apurou a AFP.
"Precisamos dos submarinos porque a situação de ameaça marítima faz deles absolutamente necessários", disse Pistorius durante visita à base naval norueguesa em Haakonsvern, onde foi lançada a pedra fundamental para um centro de reparos alemão-norueguês para submarinos.
A Marinha Russa é "extraordinariamente ativa no Oceano Ártico, no Atlântico Norte, e no Mar Báltico representa uma ameaça clara", justificou.
Pistorius espera que o comitê orçamentário do Bundestag – a câmara baixa do Parlamento alemão – aprove o os gastos adicionais com defesa nesta quarta-feira (04/12).
Noruega também interessada
Em 2021, a Alemanha e a Noruega assinaram um contrato conjunto para a compra de seis submarinos com a empresa alemã Thyssen Krupp Marine Systems, sendo dois para a Alemanha e quatro para o país escandinavo.A Alemanha quer agora aumentar o número de novos submarinos de dois para seis. O ministro da Defesa norueguês, Bjørn Arild Gram, disse nesta segunda que o seu país tem a intenção de aumentar o número de quatro para seis.
O projeto se chama U212 CD e tem como objetivo declarado um projeto comum para submarinos dos dois países. As novas embarcações de guerra terão cerca de 72 metros de comprimento e capacidade para 30 tripulantes.
Resposta à ameaça russa
Pistorius referiu-se aos ataques híbridos e a uma ameaça crescente da Rússia durante sua explanação. "Vivemos tempos de incerteza, mas hoje enviamos um sinal de unidade", afirma.A cooperação com a Noruega resultará em sinergias nas operações, fornecimentos logísticos e reparações, o que tem potencial de aumentar a produtividade desse sistema e reduzir custos, defende o ministro.
Desde o começo da invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022, até julho deste ano, a Bundeswehr [Forças Armadas alemãs] gastou com armas cerca de 89,9 bilhões de euros (aproximadamente R$ 571,8 bilhões), quase o dobro dos dois anos anteriores, de acordo com dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW).
Pistorius e o ministro das Finanças e Proteção Climática, Robert Habeck, querem apresentar uma nova estratégia para a indústria de defesa e segurança antes do fim do ano que inclua ampliação desses investimentos.
A ideia é tentar aprovar essas medidas antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em janeiro. Desde a campanha, o republicano tem afirmado que irá cortar o apoio militar americano à Ucrânia, o que pode levar a Alemanha e demais aliados europeus a ter de se preparar para uma corrida armamentista com a Rússia.