O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal que o general Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, entregou dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, os chamados "kids pretos", para financiar os supostos planos de golpe de Estado no final daquele ano.
Aguirre Talento e Rafael Neves | UOL, em Brasília e em São Paulo
Cid disse à PF que Braga Netto deu dinheiro em espécie aos "kids pretos" em embalagens de vinho. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) deu um novo depoimento na quinta-feira (5) e afirmou que o ex-ministro repassou recursos aos militares apontados pela PF como executores do plano golpista. A informação foi revelada pelo portal ICL Notícias e confirmada pelo UOL.
16.ago.2021 - Walter Braga Netto, então ministro da Defesa, durante exercícios militares em Goiás | Evaristo Sá/AFP |
Não há informação sobre quanto teria sido pago, nem de onde veio o dinheiro. A PF já revelou, em fevereiro, que Cid e o major Rafael de Oliveira fizeram uma estimativa de que o plano golpista custaria R$ 100 mil. Segundo mensagens apreendidas, o dinheiro serviria para despesas como hospedagem e alimentação de militares que seriam deslocados do Rio de Janeiro para Brasília, entre novembro e dezembro de 2022. A PF não revelou, até o momento, se algum recurso foi realmente pago e utilizado.
O dinheiro, segundo Cid, serviria para o plano "Copa 2022". No relatório que indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de golpe, no final do mês passado, a PF afirmou que esse era o plano operacional que incluía o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e a possibilidade de matar o magistrado, o presidente Lula (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB).
Um plano apreendido pela PF colocava Braga Netto no comando de um eventual governo provisório. O documento encontrado com o general da reserva Mario Fernandes, que chegou a ser ministro interino, elencava nomes de um "gabinete de gestão da crise" que assumiria o país depois do golpe. Segundo o plano, esse gabinete seria comandado por Braga Netto e pelo general Augusto Heleno, então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que também foi indiciado.
Braga Netto não se manifestou. O UOL procurou a defesa do general, mas não teve retorno até a publicação da reportagem. Se houver resposta, o texto será atualizado.