Ministra alemã do Exterior defende mais sanções contra Moscou e investimentos em defesa de infraestrutura crítica. Navios ligados à Rússia estariam sabotando redes submarinas de energia e internet no Mar Báltico.
Deutsch Welle
A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, advertiu a Rússia sobre a "frota fantasma", usada pelo país para contornar sanções que impedem Moscou de exportar petróleo, após novas suspeitas de sabotagem em cabos submarinos na Europa.
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Países investigam nova suspeita de sabotagem em cabos submarinos no Mar Báltico © Lehtikuva/Heikki Saukkomaa/REUTERS |
"Quase todos os meses, navios estão danificando cabos submarinos no Mar Báltico. É mais do que difícil acreditar em coincidências. Esse é um sinal de alerta urgente para todos nós. Os cabos submarinos são artérias de comunicação que mantêm nosso mundo unido", afirmou a ministra neste sábado (28/12) em entrevista ao grupo de mídia alemão Funke.
Baerbock afirmou que tripulações de navios têm baixado as âncoras e as arrastado por quilômetros no fundo do mar sem um motivo aparente. "A frota fantasma russa é uma grande ameaça para o nosso meio ambiente e nossa segurança", afirmou a ministra, defendendo mais sanções europeias contra a Rússia e pedindo mais investimentos nacionais em segurança, principalmente na defesa da infraestrutura crítica.
A ministra disse ainda que a cooperação entre a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) será ampliada. "Atualmente, estamos discutindo com nossos parceiros da Otan como podemos proteger melhor o Mar Báltico contra ameaças híbridas", acrescentou.
Nesta sexta-feira, a Otan confirmou que aumentará sua presença militar no Mar Báltico após suspeita de sabotagem de um cabo submarino de energia, da rede Estlink 2, e outros quatro cabos de internet.
Novo incidente
Os alertas foram inicialmente emitidos pela Finlândia na quinta-feira, quando o país apreendeu um navio-tanque suspeito de sabotar os cabos de fibra óptica. Autoridades acreditam que o navio faz parte da "frota fantasma" usada pela Rússia.Os países bálticos têm identificado uma série de falhas em cabos de energia, links de telecomunicações e gasodutos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022. Em novembro, por exemplo, a Alemanha e Finlândia acusaram uma sabotagem em outro cabo submarino que conecta os países.
A Rússia vem negando qualquer envolvimento nos incidentes identificados pelos países bálticos, incluindo o episódio mais recente relatado pela Finlândia. O navio apreendido carregava petróleo russo, mas navegava sob bandeira das Ilhas Cook.
A falha do Estlink 2 começou ao meio-dia de quarta-feira, deixando funcional apenas o Estlink 1, que tem uma capacidade de transmissão de energia inferior. A estimativa é a de que o Estlink 2, que fornecia energia para a Estônia, não volte a operar antes de agosto.
Investigadores finlandeses acreditam que o navio apreendido, registrado nas Ilhas Cook e chamado Eagle S, pode ter causado o dano na rede ao arrastar propositalmente sua âncora no fundo do mar.
Danos se repetem
A polícia sueca ainda está investigando outro caso de violação de dois cabos de telecomunicações que aconteceu em novembro. As autoridades acusam um navio chinês vindo da Rússia como possível culpado.Já a polícia da Finlândia e da Estônia continuam a investigação sobre os danos no gasoduto Balticconnector e vários cabos de telecomunicações que aconteceram no ano passado. Uma embarcação chinesa também é apontada como responsável pelas falhas neste caso.
Tanto a Finlândia quanto a Suécia se juntaram à Otan após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, abandonando a neutralidade adotada pelas duas nações desde a Guerra Fria.
O Mar Báltico é visto como estratégico para a Otan, que quer garantir a abertura das rotas marítimas caso a Rússia avance sobre rotas terrestres de países da aliança.