Ucrânia denuncia novo 'ataque maciço' da Rússia em infraestrutura de energia; mais de 1 milhão estão sem luz

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Nesta quinta-feira (28), a Ucrânia relatou um novo "ataque maciço” à sua infraestrutura de energia e disse que teve que realizar cortes de luz, especialmente em Kiev, em um momento em que Moscou está intensificando sua pressão militar sobre o país após a eleição de Donald Trump. Pelo menos um milhão de ucranianos estão sem eletricidade.


RFI

Enquanto as temperaturas na Ucrânia já estão próximas de 0°C, "mais uma vez, o setor de energia é alvo de um ataque massivo do inimigo", lamentou o Ministério da Energia ucraniano em uma publicação no Facebook.

Ucrânia denuncia novo 'ataque maciço' da Rússia em infraestrutura de energia; mais de 1 milhão estão sem luz © AFP - FLORENT VERGNE

Um alerta aéreo foi acionado em todo o país, e a Força Aérea Ucraniana relatou ataques que atingiram, entre outras, as regiões de Odessa, Kirovogrado, Kherson e Mykolaiv, afirmando ter interceptado 79 mísseis e 35 drones russos durante a noite. Cortes emergenciais de energia foram implementados em Kiev, Odessa e Dnipro, segundo informou a operadora DTEK.

Há "cortes de energia emergenciais em todo o país", destacou Sergiï Kovalenko, diretor de uma das empresas fornecedoras de eletricidade, em uma postagem no Facebook, acrescentando que essas interrupções podem durar pelo menos até a noite.

Na região ocidental de Lviv, mais de 500 mil clientes ficaram sem energia elétrica, de acordo com o governador Maksym Kozytskiï, enquanto 215 mil habitantes foram afetados na região vizinha de Volyn. Já na região de Rivne, cerca de 280 mil pessoas ficaram sem acesso à água corrente, conforme informaram as autoridades locais.

Defesa aérea "urgente"

A região de Kiev, assim como as regiões de Ivano-Frankivsk e Khmelnytsky, também enfrentam cortes de energia, embora as autoridades não tenham divulgado números exatos de pessoas afetadas. No sul, o prefeito de Mykolaiv, Oleksandre Senkevytch, informou que os trens elétricos e ônibus trólebus foram paralisados devido às interrupções no fornecimento de energia, e que as escolas permanecerão fechadas durante todo o dia.

Os ataques massivos demonstram que a Ucrânia "precisa de sistemas de defesa aérea imediatamente", reagiu enfaticamente o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ele também acusou a Rússia de ter atingido a infraestrutura energética ucraniana com bombas de fragmentação, o que, na prática, mina esses locais e dificulta os reparos, classificando essa ação como uma "escalada desprezível".

Essas armas, segundo ele, "complicam consideravelmente o trabalho dos nossos socorristas e engenheiros elétricos, que precisam lidar com as consequências dos ataques", declarou nas redes sociais.

"Resposta"

Na terça-feira, a Rússia anunciou uma "resposta" a dois novos ataques ucranianos realizados com mísseis norte-americanos ATACMS contra seu território nos dias anteriores. Desde o início da invasão em fevereiro de 2022, Moscou vem bombardeando áreas civis por toda a Ucrânia, intensificando os ataques à medida que o inverno se aproxima e mirando especialmente as infraestruturas de energia. Paralelamente, o Ministério da Defesa russo afirmou ter destruído 25 drones ucranianos durante a noite nas regiões de Briansk, próximo à Bielorrússia, Crimeia e Rostov.

No campo de batalha, Moscou continua a obter avanços territoriais diante de um exército ucraniano enfraquecido, a menos de dois meses da posse do presidente eleito dos Estados Unidos. Na quarta-feira, 27 de novembro, a administração do presidente em fim de mandato, Joe Biden, sugeriu que Kiev abaixasse a idade mínima para mobilização militar de 25 para 18 anos, a fim de compensar a escassez de soldados diante do avanço russo.

Um alto funcionário da atual administração americana, que preferiu não se identificar, alertou que a Ucrânia enfrenta uma crise "existencial" no recrutamento, com a reserva de voluntários diminuindo rapidamente, enquanto o inimigo mantém tropas mais numerosas e melhor equipadas.

"Não há soldados suficientes"

O oficial declarou que "a verdade é que a Ucrânia não está mobilizando nem treinando soldados suficientes para substituir as perdas no campo de batalha e resistir ao aumento das forças russas". Kiev já havia reduzido, no início do ano, a idade mínima de recrutamento de 27 para 25 anos.

A Casa Branca enfatizou, no entanto, que a ajuda militar norte-americana não está condicionada a essa mudança adicional. "Continuaremos enviando armas e equipamentos à Ucrânia. Sabemos que isso é vital. Mas o fator humano também é crucial", afirmou John Kirby, porta-voz da Casa Branca, em um comunicado.

Donald Trump, por sua vez, anunciou na quarta-feira a nomeação do ex-general Keith Kellogg, 80, como emissário para mediar o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia. Kellogg, que pediu concessões de Kiev em troca de negociações de paz, será peça-chave na abordagem de Trump para resolver o conflito.

"Juntos alcançaremos a paz pela força e tornaremos a América e o mundo seguros novamente!", declarou Trump em seu perfil em sua rede, a Truth Social. Crítico ferrenho dos bilhões de dólares destinados pelos EUA à Ucrânia, o presidente eleito prometeu encerrar a guerra entre Kiev e Moscou antes mesmo de assumir o cargo em janeiro, mas sem detalhar como pretende fazê-lo.

"Adiar a adesão da Ucrânia à OTAN"

Em uma nota publicada em abril de 2024, Kellogg afirmou que "qualquer futura ajuda militar norte-americana exigirá que a Ucrânia participe de negociações de paz com a Rússia". Ele também defendeu o adiamento prolongado da adesão da Ucrânia à Otan para "convencer o presidente russo Vladimir Putin a se engajar em conversas de paz".

A Rússia tem contado com o apoio da Coreia do Norte em seus recentes avanços. Autoridades norte-americanas apontam que Pyongyang enviou milhares de soldados e forneceu armas a Moscou. Diante desse cenário, Coreia do Sul e Ucrânia concordaram em compartilhar informações sobre o deslocamento de tropas norte-coreanas para a Rússia, informou Seul na quarta-feira (27).

(com AFP)

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