Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação Social, afirma que indícios apontados pela PF sobre a participação de pessoas do núcleo do governo de Jair Bolsonaro no plano são ‘extremamente graves’
Por Sofia Aguiar e Gabriel Vasconcelos | O Estado de S.Paulo
RIO – O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou que a Operação Contragolpe da Polícia Federal desta terça-feira, 19, traz elementos “extremamente graves” sobre a participação de pessoas do núcleo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na avaliação do ministro, o episódio do 8 de janeiro de 2023 não tratava de pessoas que estavam protestando de forma democrática.
“Nós consideramos que essa investigação da Polícia Federal traz elementos novos sobre a questão do golpe, da tentativa de golpe que aconteceu no País”, disse Pimenta a jornalistas nesta terça-feira durante reuniões que ocorrem por conta da cúpula de líderes das 20 maiores economias do globo (G-20), no Rio de Janeiro.
Para o ministro, a operação mostra que há “elementos bastante concretos” de que havia um plano para atingir diretamente Lula, o agora vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. “Isso acaba colocando por terra qualquer discurso de que as pessoas estavam lá no dia 8 de janeiro, de forma democrática, protestando”, comentou.
“Nós estamos falando de uma ação concreta, objetiva, que traz elementos novos, extremamente graves, sobre a participação de pessoas do núcleo de poder do governo Bolsonaro no golpe que tentaram executar no Brasil, impedindo a posse do presidente e vice-presidente eleito”, acrescentou.
Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal prendeu um general reformado, ex-integrante do governo Bolsonaro, e três “kids pretos” e um policial federal por supostamente planejarem um golpe de Estado para impedir a posse de Lula e “restringir o livre exercício do Poder Judiciário”.
As diligências fazem parte da Operação Contragolpe, que identificou um “detalhado planejamento operacional” chamado “Punhal Verde e Amarelo”, previsto para ser executado em 15 de dezembro de 2022, com o assassinato de Lula e Alckmin. O plano também incluía a execução de Moraes, que era monitorado continuamente, caso o golpe fosse consumado.
Pimenta, então, cobrou seriedade na investigação. “Essa investigação precisa ser levada às últimas consequências para que realmente todos aqueles que atentam contra a democracia sejam identificados e paguem por esse crime, porque a sociedade precisa definitivamente compreender que o crime contra a democracia é algo que não pode ser tolerado”, disse. “Por isso que a gente não pode falar em anistia e não pode falar em impunidade.”
Pimenta citou episódios violentos e alegou uma ligação entre eles, tais como o suposto plano, o acampamento em quartéis antes da posse presidencial de Lula, os ataques de 8 de janeiro de 2023 e atos radicais que ocorreram em Brasília em 12 de dezembro de 2022. “Esses fatos são fatos que se relacionam entre si. Os personagens são os mesmos. Os mesmos personagens que financiaram a presença dos acampados na frente dos quartéis estão envolvidos também nesses episódios”, disse.
“Há uma relação entre os financiadores, os que programaram, os que planejaram as ações criminosas e eles precisam responder por isso e essa operação da Polícia Federal hoje é muito importante”, afirmou.