A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) afirmou, nesta segunda-feira (4), que a proibição de suas atividades em Israel poderia causar o "colapso" do sistema de ajuda na Faixa de Gaza, mais de um ano após o início da guerra.
RFI
Segundo Jonathan Fowler, porta-voz da organização, “se a lei for implementada, corre o risco de causar o colapso da operação humanitária internacional na Faixa de Gaza, organizada em sua maior parte pela ONU".
Israel proíbe agência da ONU para refugiados no país e organização alerta para “colapso” em Gaza © AP - Ismael Abu Dayyah |
Israel anunciou nesta segunda-feira (4), em um comunicado, ter notificado oficialmente as Nações Unidas sobre o cancelamento do acordo com a agência da ONU de apoio aos refugiados palestinos, após a aprovação da medida pelo Parlamento do país.
"A UNRWA, a organização cujos funcionários participaram do massacre de 7 de outubro e são membros do Hamas, é parte do problema da Faixa de Gaza e não parte da solução", afirmou em uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores israelense.
"A ONU recebeu inúmeras evidências de que agentes do Hamas são empregados da agência e que suas instalações estão sendo usadas para fins terroristas, mas nada foi feito a respeito", acrescenta o texto.
O acordo com a agência da ONU data de 1967. A UNRWA fornece ajuda e assistência básica aos refugiados palestinos nos Territórios Palestinos e em vários outros países da região.
O ministro israelense das Relações Exteriores Israel Katz discorda. Segundo ele, apenas parte da ajuda humanitária estava sendo entregue a Gaza pela UNRWA.
"A grande maioria da ajuda humanitária em Gaza é canalizada por meio de outras organizações, e apenas 13% dessa ajuda vem da UNRWA", disse Katz nesta segunda-feira, no mesmo comunicado.
"O Estado de Israel está comprometido com o direito internacional e continuará a facilitar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza de uma maneira que não prejudique a segurança dos cidadãos israelenses".
Deslocamentos na Cisjordânia
A proibição também poderia prejudicar a ação dos funcionários da agência da ONU na Cisjordânia ocupada. Eles poderiam ter dificuldade para se deslocar ou entrar em Jerusalém Oriental, ou Israel, sem coordenação com as autoridades israelenses.A agência fornece ajuda essencial de educação, saúde e assistência aos refugiados nos territórios palestinos e na região há mais de 70 anos.
As Nações Unidas e vários aliados ocidentais demonstraram preocupação com a decisão israelense. Há temores de que a situação humanitária em Gaza, que já é precária, possa piorar, embora a proibição não mencione operações humanitárias nos territórios palestinos.
Em um comunicado, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse que as Nações Unidas "não fizeram nada para lidar com a realidade de que o Hamas se infiltrou na agência", apesar das evidências que Israel forneceu à ONU.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que as atividades de outras organizações internacionais seriam expandidas como parte de medidas para "promover alternativas à UNRWA".
(Com informações da AFP)
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