O Irã disse no sábado (9) que as acusações americanas de que Teerã está envolvida em planos de assassinato nos Estados Unidos, visando principalmente o presidente eleito, Donald Trump, são "totalmente infundadas". As autoridades judiciais americanas anunciaram na sexta-feira (8) o indiciamento de um “agente do Irã” acusado de ter recebido ordens de Teerã para cometer assassinatos.
RFI
“O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Esmaïl Baghaï, considera completamente infundadas e rejeita as alegações de que o Irã está envolvido numa tentativa de assassinato contra antigos ou atuais funcionários americanos”, afirma um comunicado publicado pela diplomacia iraniana.
Irã diz que acusações dos EUA de envolvimento em tentativa de assassinato de Trump são “infundadas” © REUTERS - Brendan McDermid |
Farhad Shakeri, um afegão de 51 anos residente no Irã após cumprir 14 anos de prisão nos Estados Unidos por roubo, é acusado de ter recrutado criminosos comuns em nome dos Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica, segundo documentos judiciais.
“Poucos atores no mundo representam uma ameaça tão séria à segurança nacional dos Estados Unidos como o Irã”, disse o ministro da Justiça, Merrick Garland, num comunicado emitido pelo seu gabinete.
“Este agente do regime iraniano foi encarregado pelo regime de liderar uma rede de cúmplices criminosos para executar os planos de assassinato do Irã contra seus alvos, incluindo o presidente eleito Donald Trump”, acrescentou.
Tornadas públicas três dias depois das eleições presidenciais vencidas pelo bilionário republicano, as conclusões do sistema de Justiça americano se baseiam em conversas telefônicas entre agentes da Polícia Federal americana (FBI) e Farhad Shakeri, que pretendia obter uma redução de sua pena nos Estados Unidos, segundo a acusação.
Durante essas entrevistas, que ocorreram entre 30 de setembro e quinta-feira (7), ele afirmou ter recebido instruções em setembro de um alto funcionário da Guarda Revolucionária para "se concentrar na vigilância e, em última instância, no assassinato do ex-presidente Donald Trump".
O funcionário pediu a Shakeri, em 7 de outubro, que apresentasse um plano de assassinato no prazo de sete dias. Se o prazo não fosse respeitado, o projeto seria adiado para depois das eleições de 5 de novembro, considerando que Donald Trump seria derrotado e que seria mais fácil atingi-lo depois, de acordo com as mesmas fontes.
Retaliação
A República Islâmica há anos fala de retaliações pela morte do general da Guarda Revolucionária Qassem Souleimani, morto em 3 de janeiro de 2020 no Iraque num ataque de drones ordenado por Donald Trump, durante seu primeiro mandato, de acordo com o Ministério da Justiça da Defesa.Dois americanos também foram presos na quinta-feira no caso, Carlisle Rivera, 49, e Jonathon Loadholt, 36, ambos residentes da cidade de Nova York, e acusados de planejar o assassinato de uma jornalista iraniano-americana, Masih Alinejad, crítica à República Islâmica.
Identificada como “vítima número 1”, seu nome não é citado, mas a descrição se refere a uma pessoa que já foi alvo de tentativas de assassinato ou sequestro patrocinadas por Teerã, o que corresponde ao perfil da jornalista e dissidente iraniana-americana.
Documentos judiciais relatam planos para monitorar a “vítima número 1” durante uma conferência marcada para 15 de fevereiro de 2024 na Universidade de Fairfield, em Connecticut, no nordeste dos Estados Unidos.
Em um vídeo publicado sexta-feira nas redes sociais, Masih Alinejad confirma que foi uma das oradoras desta conferência, que acabou por ser cancelada. Ela especifica que foi informada em 15 de fevereiro por agentes do FBI sobre uma “ameaça iminente” contra ela.
Em outubro, a Justiça americana iniciou processos contra quatro iranianos, incluindo um general da Guarda Revolucionária, por terem patrocinado um plano para assassinar Masih Alinejad em Nova York, em 2022.
O alvo não foi identificado, mas Masih Alinejad confirmou que era ela.
(Com AFP)