Embraer continua apostando nos EUA para venda da aeronave C-390

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A Embraer não vê a eleição de Donald Trump como um revés para seus esforços de introduzir o avião militar C-390 Millennium nos Estados Unidos, disse o chefe da divisão de defesa e segurança da fabricante brasileira de aviões.


Por Fernando Valduga | Cavok

A empresa vê os Estados Unidos como um mercado-chave para seu avião de carga militar – juntamente com a Índia, a União Europeia e a Arábia Saudita – e contratou a empresa de consultoria Oliver Wyman para ajudá-la a explorar o mercado de defesa local.


Trump, que sucederá o presidente norte-americano, Joe Biden, em janeiro, tem apresentado ideias protecionistas, incluindo mudanças agressivas nas políticas comerciais dos EUA, como uma tarifa de 10% ou mais sobre todos os produtos importados pelo país.

Mas a Embraer acredita que há uma lacuna na frota militar dos EUA que o C-390 poderia preencher, e espera que o conteúdo local norte-americano e uma possível linha de montagem nos EUA ajudem a convencer a maior economia do mundo sobre os méritos do avião.

“O KC-390 já é um produto ‘Buy American Act compliant’, ou seja, ele atinge os percentuais de conteúdo americano requisitados”, disse Bosco da Costa Junior, chefe da divisão de defesa e segurança da Embraer, em uma entrevista no domingo.

“A gente vê com bons olhos o segundo mandato do Trump. Acho que a Embraer pode desempenhar um papel super importante em alguns segmentos em que a gente enxerga claramente um gap nos Estados Unidos”, disse. “Nada muda na nossa estratégia em relação aos Estados Unidos.”

Ele observou que a fabricante brasileira de aviões tem um relacionamento de longa data com os EUA, incluindo a venda de jatos comerciais e executivos.

As companhias aéreas de passageiros norte-americanas são grandes compradoras dos jatos regionais da Embraer, e o jato executivo Phenom 300 é a aeronave mais usada no país, com uma fábrica de montagem localizada em Melbourne, Flórida.

“Os nossos produtos, de forma geral, possuem um conteúdo enorme americano, ou seja, cada avião Embraer vendido gera impostos, gera emprego e gera investimento nos Estados Unidos”, acrescentou Costa.

A divisão de defesa e segurança da Embraer também tem presença no país, que opera seu avião de ataque leve Super Tucano. A empresa tem uma linha de produção para o avião turboélice em Jacksonville, Flórida.

O estabelecimento de uma linha de montagem final do C-390 nos EUA é uma possibilidade, dependendo da evolução das vendas, disse Costa, acrescentando que o objetivo da Embraer não era substituir nenhuma aeronave em operação, mas sim acrescentar capacidades às Forças Armadas dos EUA.

O C-390 poderia ser adequado para o Corpo de Fuzileiros Navais, a Força Aérea e as forças especiais dos Estados Unidos, segundo a Embraer. Uma delegação dos EUA examinou o avião durante o exercício de treinamento multinacional Cruzex organizado pelo Brasil na semana passada, disse Costa.

O C-390, que foi escolhido por países da OTAN como Suécia, Holanda, Portugal, Hungria e República Tcheca para suas frotas, normalmente compete com o avião C-130 Hercules, da Lockheed Martin.

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