O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, pediu que seus colegas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) convidem o país a se juntar à aliança militar do Ocidente durante encontro em Bruxelas na semana que vem, demonstra texto de carta à qual a Reuters teve acesso nesta sexta-feira.
Por John Irish e Tom Balmforth | Reuters
A carta reflete a pressão ucraniana para ser convidada para a Otan, arte do "plano da vitória" detalhado no mês passado pelo presidente do país, Volodymyr Zelenskiy, para encerrar a guerra iniciada pela invasão russa de 2022.
Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha 30/09/2024 REUTERS/Bernadett Szabo |
A Ucrânia afirma aceitar que não possa entrar na aliança até que a guerra esteja finalizada, mas que ser convidada agora mostraria ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que ele não atingirá um de seus principais objetivos: impedir a Ucrânia de se tornar membro da Otan.
"O convite não deve ser visto como uma escalada (das tensões)", afirmou Sybiha.
"Pelo contrário, com um entendimento claro de que a entrada da Ucrânia na Otan é inevitável, a Rússia perderá um de seus principais argumentos para manter esta guerra injustificada."
"Exorto vocês a endossarem a decisão de convidar a Ucrânia a se juntar à Aliança, como um dos resultados do Encontro Ministerial de Relações Exteriores da Otan entre 3 e 4 de dezembro de 2024", acrescentou.
Diplomatas da Otan afirmam que atualmente não há consenso entre os membros da aliança sobre convidar a Ucrânia. Qualquer decisão do tipo precisaria de unanimidade entre os 32 países da Otan.
A aliança declarou que a Ucrânia vai se juntar ao grupo e que isso é "irreversível". Mas não a convidou formalmente, tampouco estabeleceu prazos para isso.
Olga Stefanishyna, vice-primeira-ministra da Ucrânia e responsável pelos assuntos relativos à Otan, afirmou que Kiev entende que o consenso para um convite para se juntar ao grupo "ainda não existe", mas que a carta tem o objetivo de mandar uma forte mensagem política.
"Enviamos uma mensagem aos aliados de que o convite não está descartado, independentemente de manipulações e especulações", afirmou.
Na carta, Sybiha disse que o convite seria a resposta certa para "a constante escalada da Rússia na guerra que ela provocou, sendo a última demonstração disso o envolvimento de dezenas de milhares de tropas norte-coreanas e o uso da Ucrânia como local de teste para novas armas".
Nos últimos dias, contudo, diplomatas afirmaram não identificar mudança de postura entre os países da Otan, particularmente enquanto eles aguardam qual será a postura dos Estados Unidos, potência dominante da aliança, no governo do presidente-eleito, Donald Trump.