Israel mantém sua ofensiva contra o Hamas no norte de Gaza, que em três semanas matou 770 palestinos, e anunciou que o chefe do Mossad irá ao Catar no domingo para negociar a libertação dos reféns nas mãos do movimento islamista.
France Presse
"Há mais de 770 mortos desde o início da operação militar e ainda há vítimas sob os escombros e nas ruas", disse à AFP o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal.
Ruínas fumegantes nos subúrbios ao sul de Beirute após um bombardeio israelense, 24 de outubro de 2024 © Anwar AMRO |
Em 6 de outubro, Israel lançou uma nova ofensiva no norte do território, onde afirma que o Hamas está se reagrupando.
O território palestino, governado pelo movimento islamista Hamas desde 2007, é palco de uma guerra com Israel que já deixou 42.847 mortos, na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
O conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251, no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses que inclui os reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Dos 251 reféns, 97 permanecem cativos, embora 34 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército. Em novembro de 2023, uma trégua de uma semana permitiu a liberação de 105 reféns em troca de 240 palestinos aprisionados em Israel.
A morte em 16 de outubro do líder do Hamas, Yahya Sinwar, em uma operação israelense em Rafah, no sul de Gaza, reacendeu a esperança de que as conversas para um cessar-fogo fossem retomadas.
Os mediadores Catar, Estados Unidos e Egito reataram "o contato" com o Hamas após a morte de Sinwar, indicou o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou que Washington está considerando "diferentes opções" para pôr fim à guerra em Gaza.
Ainda nesta quinta, a principal associação de familiares de reféns cativos em Gaza pediu ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que chegue a um acordo com o Hamas para conseguir a liberação dos reféns.
- Bombardeios no Líbano -
Este frágil avanço ocorre no momento em que Israel está em guerra em duas frentes, contra o Hamas em Gaza e contra o Hezbollah no Líbano, ambos apoiados pelo Irã.A tensão aumentou ainda mais no Oriente Médio após Teerã lançar, em 1º de outubro, 200 mísseis contra Israel, que prometeu responder a esta agressão.
Israel anunciou nesta quinta-feira que bombardeou depósitos de armas do Hezbollah ao sul de Beirute, reduto do poderoso movimento islamista libanês, que respondeu com disparos de foguetes contra o território israelense.
A aviação israelense bombardeou 17 vezes os subúrbios situados ao sul da capital libanesa, indicou a agência libanesa ANI.
Israel intensificou os bombardeios contra posições do Hezbollah no Líbano em 23 de setembro e, uma semana depois, iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país.
O objetivo declarado dessas operações é permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte de Israel forçados a partir pelos constantes disparos de foguetes do sul do Líbano no último ano.
Segundo um levantamento baseado em dados oficiais, ao menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro. E a ONU já contabiliza quase 800.000 deslocados no país.
Mais de 800 milhões de dólares (cerca R$ 4,6 bilhões) em ajuda humanitária foram arrecadados nesta quinta-feira para o Líbano em uma conferência internacional realizada em Paris.
A agência ANI relatou nesta quinta bombardeios no sul do país e um ataque com drone na rodovia que conecta Beirute a Damasco, a capital síria.
Também foram registrados combates nas cidades fronteiriças de Ramia e Ayta ash Shab. O Hezbollah confirmou confrontos nesta última localidade.
Embora esteja enfraquecido, o Hezbollah continua lançando foguetes contra o norte de Israel. O grupo xiita anunciou ter disparado contra uma base militar perto de Haifa e contra a cidade de Safed.
- "Esvaziar" Gaza -
Na Faixa de Gaza, pelo menos 17 pessoas morreram nesta quinta em um bombardeio israelense contra uma escola que se tornou abrigo para deslocados em Nuseirat, no centro do território, indicou a Defesa Civil."Estava sentado em uma sala quando caíram pedras sobre as nossas cabeças (...) crianças ficaram despedaçadas", disse à AFP Oum Mohammed, um deslocado.
O Exército israelense confirmou que lançou um ataque "contra terroristas do Hamas que operavam em um centro de comando na região de Nusseirat".
O Exército afirmou ter "tomado diversas medidas para limitar o risco de danos a civis" antes do ataque.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou Israel de querer "esvaziar" o território e classificou a guerra de "maior catástrofe" desde a Nakba, a saída forçada dos palestinos de sua terra durante a criação do Estado de Israel em 1948.