Colonos israelenses, incluindo ministros do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, encontraram-se na fronteira com Gaza nesta segunda-feira para pedir que os assentamentos abandonados por Israel há duas décadas na região sejam restabelecidos no enclave palestino destruído pela guerra.
Por Janis Laizans e Michal Yaakov Itzhaki | Reuters
BE'ERI, Israel - Israel retirou suas forças militares e colonos de Gaza em 2005, após uma ocupação de 38 anos. Netanyahu afirmou que não pretende manter novamente uma presença permanente na região.
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, em conferência sobre reassentamento da Faixa de Gaza 21/10/2024 REUTERS/Tomer Appelbaum |
Mas, enquanto a guerra de Israel contra o grupo que governa o enclave, o Hamas, entra em seu segundo ano, Netanyahu ainda não esclareceu quem ele imagina governando Gaza após o conflito. Alguns de seus aliados no governo já deixaram, no entanto, seus próprios objetivos claros.
"Se quisermos, podemos renovar os assentamentos em Gaza", disse o ministro da Segurança Nacional israelense, Itamar Ben-Gvir, para as centenas de pessoas que se reuniram na conferência ao ar livre de dois dias intitulada “preparando-se para reassentar Gaza”, realizada a cerca de 3 km do enclave.
Fumaça podia ser vista subindo em Gaza e o barulho da artilharia era ouvido ao fundo.
Ben-Gvir também pediu que Israel “incentive a emigração” de palestinos de Gaza. "É a solução melhor e mais moral, não à força, mas dizendo a eles: 'Estamos dando a opção, saiam para outros países, a Terra de Israel é nossa'"", disse.
DIAS CRÍTICOS
A conferência foi organizada por membros do partido Likud, de Netanyahu, e pela organização Nahala, grupo de colonos ideológicos na Cisjordânia ocupada que se vêem como pioneiros, redimindo a terra bíblica prometida por Deus.A maioria das potências mundiais avalia os assentamentos em territórios tomados por Israel na guerra de 1967 como ilegais sob a lei internacional e sua expansão como um obstáculo à paz, já que eles avançam sobre terras que os palestinos desejam para um futuro Estado.
Israel discorda dessa visão e cita laços bíblicos e históricos com a terra, além, de sua necessidade de segurança.
O movimento dos colonos considera a retirada de Israel de Gaza em 2005 um erro fatal que levou o Hamas a tomar o controle do território, permitindo que usassem Gaza como uma base para disparar milhares de foguetes contra Israel ao longo dos anos e para organizar o devastador ataque de 7 de outubro do ano passado.
"Nesses dias críticos, enquanto o Estado de Israel olha para o dia seguinte, queremos aumentar a conscientização de que somente os assentamentos trarão a segurança que tínhamos há 20 anos", disse Itzik Fitoussi, expulso dos assentamentos de Gaza em 2005 e pai de um soldado morto em 7 de outubro de 2023.
Nesse dia, em outubro do ano passado, militantes liderados pelo Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas no ataque e levaram 251 reféns para Gaza, desencadeando uma ofensiva israelense que matou mais de 42 mil palestinos, devastou grande parte do enclave e deslocou a maior parte de sua população.
Avivit John, de um kibutz próximo chamado Be'eri -- que perdeu um décimo de seus moradores no ataque de 7 de outubro --, protestava contra a conferência dos colonos.
"Somos contra os assentamentos em Gaza", disse. "Queremos viver em paz com nossos vizinhos (palestinos)."
As palavras do ministro judeu deixam claro a razão do planejamento feito pela inteligência israelense para o ataque do Hamas em 7 de outubro do ano passado. A expulsão dos palestinos de suas terras. E, seguindo a mesma lógica tortuosa, os judeus não vão parar com a invasão de terras na Palestina. Já começaram no Líbano e, de acordo com o mapa por eles traçado e divulgado, Síria, Jordânia, Arábia Saudita e Egito, também fazem parte de Israel.
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