O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu, nesta segunda-feira (7), cumprir os objetivos da guerra contra o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano, que qualificou como uma "missão sagrada", no primeiro aniversário do ataque mais letal da história recente do país.
France Presse
Enquanto Israel estava de luto, o movimento islamista palestino Hamas e o libanês Hezbollah, seu aliado, lançaram uma salva de foguetes contra o território israelense. As forças armadas de Israel, por sua vez, bombardeou novamente a Faixa de Gaza e o Líbano.
Fotos das vítimas dos ataques de 7 de outubro são projetadas em um muro da Cidade Velha de Jerusalém, em 6 de outubro de 2024 © AHMAD GHARABLI |
As cerimônias de homenagem começaram em Re'im, local do festival de música Nova, onde pelo menos 370 pessoas morreram em 7 de outubro de 2023, com um minuto de silêncio.
Outra cerimônia ocorreu à noite em Tel Aviv, com familiares e amigos das pessoas falecidas ou capturadas naquele dia por milicianos do Hamas, durante o ataque que desencadeou a guerra em Gaza.
Em uma mensagem transmitida pela televisão, Netanyahu declarou que os "objetivos da guerra" foram definidos e incluem "derrubar o Hamas [que governa Gaza]" e "trazer para casa todos os reféns, tanto os vivos quanto os mortos".
"Estamos no caminho para alcançá-los", afirmou. "Trata-se de uma missão sagrada e não vamos parar até conclui-la", acrescentou o primeiro-ministro, que prometeu continuar "lutando". Netanyahu garantiu que Israel estava mudando "a realidade" para que não houvesse mais ataques como o de 2023.
O ataque de 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.206 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses, que inclui os mortos durante o cativeiro na Faixa de Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 97 continuam retidas em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já matou mais de 41.900 palestinos, a maior parte civis, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que a ONU considera confiáveis.
- 'Guerra de desgaste' -
Um ano após seu ataque letal contra o território israelense, o braço armado do Hamas afirmou que quer travar uma "longa batalha de desgaste" contra as forças israelenses. O movimento islamista também qualificou a situação dos reféns israelenses retidos em Gaza como "muito difícil"."Estamos dizendo [aos israelenses] que poderiam ter recuperado vivos todos os seus reféns há um ano", sublinhou o porta-voz das Brigadas Ezzedine al Qassam, Abu Obeida.
Um total de 105 reféns foram libertados em troca de 240 prisioneiros palestinos durante a única trégua alcançada entre ambos os lados que durou uma semana no fim de novembro.
Na devastada e sitiada Faixa de Gaza, o Exército israelense continuou sua ofensiva e afirmou ter atacado o hospital Al Aqsa, em Deir al Balah, no centro do território, onde alegou que operam centros de comando do Hamas.
No Líbano, o Exército israelense voltou a bombardear intensamente os subúrbios ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah, e o sul do país, e advertiu que estava se preparando para ampliar suas operações na "zona costeira" do sul libanês.
Após ter enfraquecido o Hamas em Gaza, Israel deslocou em setembro o centro de suas operações para o norte, na fronteira libanesa, onde o Hezbollah abriu em 8 de outubro de 2023 uma frente em apoio ao grupo palestino.
Mas a guerra em Gaza e no Líbano também foi acompanhada de uma escalada entre Israel e o Irã, aliado do Hamas e do Hezbollah. Israel ameaça retaliar após o lançamento de 200 mísseis no dia 1º de outubro contra seu território, gerando temores de uma grande guerra regional.
O Irã exaltou na segunda-feira o ataque de 7 de outubro como "uma virada na história" da luta dos palestinos contra Israel.
O chefe do Comando Central dos Estados Unidos, o general Erik Kurilla, falou em Israel sobre a "ameaça constante que o Irã representa" e reiterou o "compromisso inabalável" de Washington com seu aliado israelense.
- Gaza é um 'cemitério' -
Enquanto isso, os rebeldes huthis do Iêmen, também apoiados por Teerã, reivindicaram ataques com mísseis e drones contra Israel, que afirmou ter interceptado um míssil do grupo rebelde.Após um ano de uma devastadora guerra, o responsável da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou o "sofrimento indescritível" dos reféns em Gaza.
Lazzarini também destacou que a guerra reduziu Gaza a um "mar irreconhecível de escombros e a um cemitério para dezenas de milhares de pessoas".
"Foi um ano sombrio. Perdemos muitos familiares, amigos, nossas casas e nossa fonte de renda", relatou Ramzi Baker, um palestino deslocado em Deir al Balah.
Zonas inteiras do território ficaram reduzidas a escombros e quase toda a sua população de 2,4 milhões de habitantes foi deslocada.
Em 9 de outubro de 2023, dois dias após lançar sua ofensiva, Israel impôs um cerco "completo" ao estreito território palestino, que tem 360 km².
A guerra foi desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro, classificado como organização "terrorista" pelos Estados Unidos, União Europeia e o Estado hebreu.
O grupo utilizou explosivos e escavadeiras para ultrapassar a barreira que circunda o território palestino e cometeu assassinatos indiscriminadamente nos kibutzim, em bases militares e no local do festival de música.
Os líderes dos países do Ocidente insistem repetidamente que Israel tem o direito de se defender, ao mesmo tempo em que reafirmam o direito dos palestinos a um Estado próprio e a necessidade de pôr fim à ocupação israelense dos territórios palestinos.