Apesar dos bombardeios pesados contínuos todos os dias na Linha Azul patrulhada pela ONU, que separa o sul do Líbano e Israel, a força de paz da ONU que está estacionada lá reiterou sua determinação na sexta-feira de cumprir seu mandato do Conselho de Segurança e ajudar os civis sempre que possível.
ONU News
"Apesar das exigências [das Forças de Defesa de Israel] para se deslocar de posições próximas à Linha Azul, uma decisão unânime foi tomada por todos os países contribuintes de tropas da UNIFIL e pelo Conselho de Segurança da ONU, e nossas forças de paz permanecem destacadas em todas as suas posições ao longo da Linha Azul", disse Andrea Tenenti, porta-voz da Força Interina da ONU no Líbano (UNIFIL).
Um soldado de paz da UNIFIL olha para fora de uma posição no quartel-general da missão em Naqoura. © UNIFIL |
"Precisamos estar aqui, precisamos tentar trazer de volta a estabilidade e a paz a esta região", disse ele a jornalistas em Genebra.
Segurança em primeiro lugar
Falando de Beirute, Tenenti observou que "centenas de trajetórias e às vezes mais" continuam a ser relatadas diariamente pela UNIFIL, "forçando nossas forças de paz a passar longas horas em abrigos para garantir sua segurança, que continua sendo nossa principal prioridade".Ele sustentou que vários incidentes nos últimos dias envolvendo os militares israelenses que feriram forças de paz, câmeras de vigilância e muros de perímetro foram "obviamente" uma violação da resolução do Conselho de Segurança da ONU de 2006 que levou à atual implantação ao longo de uma zona tampão. A missão foi criada em 1978 (leia nosso explicador aqui).
A Resolução 1701 encarrega a UNIFIL de monitorar a cessação das hostilidades após a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, confirmando a retirada das forças israelenses do sul do Líbano e ajudando o governo libanês a restaurar sua autoridade na área. Conta com mais de 10.000 soldados de paz.
Obrigação
Destacando a dificuldade de cumprir seu mandato, a UNIFIL informou na sexta-feira que "o bombardeio pesado diário piorou devido às incursões das Forças de Defesa de Israel em território libanês nas proximidades da Linha Azul e em ambos os setores da UNIFIL (leste e oeste), que constituem uma violação da soberania libanesa e também uma violação da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU".Carta das Nações Unidas sobre Autodefesa
Questionado se as forças de paz podem se defender se forem atacadas, Tenenti disse que, de acordo com o capítulo seis da Carta da ONU, "a autodefesa pode ser usada, mas também temos que ser muito pragmáticos sobre quando usá-la e como usá-la, porque não queremos nos tornar parte do conflito e usar a força que desencadearia mais violência"."Estamos tentando diminuir as tensões, e cabe aos comandantes no terreno decidir quando é a hora de usar a autodefesa", explicou.
O porta-voz da UNIFIL também disse que a missão está "trabalhando duro nos bastidores" para coordenar a passagem segura de ajuda humanitária essencial para civis no sul do Líbano, trazida por agências e parceiros da ONU.
"Tem sido um desafio porque na maioria das vezes não recebemos as garantias de segurança dos comboios humanitários", disse Tenenti, limitando a capacidade da força de coordenar com as agências humanitárias.
Destruição no sul
A maioria das aldeias ao longo da Linha Azul está "completamente destruída e danificada", continuou o porta-voz da UNIFIL. Embora cerca de 450.000 pessoas tenham fugido das hostilidades, as milhares de outras que permanecem precisam desesperadamente de ajuda.Jens Laerke, do escritório de coordenação de assuntos humanitários da ONU (OCHA), explicou que um sistema de notificação humanitária está "instalado e funcionando" e que no sul do país, onde há combates pesados, o sistema inclui informar as forças armadas libanesas e as Forças de Defesa de Israel sobre os movimentos dos comboios.
"É aí que contamos com a UNIFIL e seus contatos na área, para facilitar as coisas", disse ele.