Líbano denuncia novos disparos israelenses contra posições de capacetes azuis no sul do país

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A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil na sigla em inglês) anunciou na sexta-feira (11) que dois capacetes azuis do Sri Lanka foram feridos perto da fronteira com Israel, estimando que os disparos do exército israelense representam um "grande risco" para seus soldados. Na véspera, dois soldados indonésios ficaram feridos em ataque semelhante. A França convocou o embaixador israelense em Paris para se explicar.


RFI

A Unifil, que tem 10.000 homens destacados no sul do Líbano, relatou nesta sexta-feira (11) que a sede "sofreu explosões pela segunda vez em 48 horas" perto de uma "torre de observação" e "dois capacetes azuis foram feridos".

Líbano denuncia novos disparos israelenses contra posições de capacetes azuis no sul do país © AFP

Além disso, "tanques israelenses avançaram" e "um bulldozer do exército israelense derrubou partes de um muro de proteção" de uma posição da Unifil na vila libanesa de Labbouné, acrescentou a força.

"Esses atos representam um grande risco para os capacetes azuis", continuou.

O ministério das Relações Exteriores do Líbano afirmou "condenar nos termos mais fortes os disparos intencionais e sistemáticos do exército israelense contra a Força Interina das Nações Unidas no Líbano, cujo último alvo foi (...) a base dos soldados do Sri Lanka, causando feridos".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou uma "violação do direito humanitário internacional".

Ataque na véspera

Na manhã de quinta-feira, dois capacetes azuis indonésios ficaram feridos "após disparos de um tanque Merkava do exército israelense contra uma torre de observação do quartel-general da Unifil" em Naqoura, segundo a ONU. A Indonésia condenou "firmemente" os disparos.

Imediatamente, Roma, o principal país ocidental contribuidor da Unifil em termos de efetivos, com cerca de 900 militares mobilizados, denunciou os atos como "intoleráveis" e convocou o embaixador de Israel para um "protesto firme". Paris também convocou o representante israelense para explicações.

Pouco depois, a França e a Itália decidiram organizar uma reunião para discutir a questão na próxima semana com outros países europeus contribuintes – Espanha e Irlanda – de acordo com o Ministério das Forças Armadas da França.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou o ataque como "irresponsável" e "inaceitável", pedindo a "Israel e a todas as partes que respeitem plenamente o direito humanitário internacional".

Repercussões

O primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, cujo país tem um contingente de capacetes azuis no sul do Líbano, criticou no X "um ato irresponsável", acrescentando que "isso deve parar".

Uma porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, enfatizou a importância de proteger tanto os pacificadores da ONU quanto os civis, pedindo a todas as partes envolvidas no conflito que cumpram o direito internacional.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu à comunidade internacional que pare de vender armas para Israel, após uma reunião com o papa Francisco no Vaticano.

"Eu realmente acredito que é urgente que, à luz de tudo o que está acontecendo no Oriente Médio, a comunidade internacional pare de exportar armas para o governo de Israel", disse Sánchez a repórteres.

Desde outubro de 2023, mais de 2.100 pessoas foram mortas no Líbano, e a ONU registrou 600.000 deslocados internos.

Balanço

O Hezbollah, apesar dos danos em sua liderança, declarou que continua a resistir a Israel e anunciou um ataque de drones em uma base aérea em Haifa. A situação em Gaza é crítica, com mais de 42.126 palestinos mortos desde o início da ofensiva israelense, conforme dados do ministério da Saúde do Hamas, com a ONU alertando sobre a grave falta de ajuda humanitária para os civis na região.

A situação em Gaza foi comparada à do Japão após a Segunda Guerra Mundial pelo co-presidente do Nihon Hidankyo, Toshiyuki Mimaki, reforçando a gravidade da crise humanitária atual. A entidade japonesa foi recipiente do Nobel da Paz 2024, anunciado pela manhã em Oslo.

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