O Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter de urgência na quarta-feira (16), a pedido da Argélia, para discutir a deterioração da situação das pessoas deslocadas no norte da Faixa de Gaza e a “pior restrição da ajuda” desde o início do conflito. Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), 55 mil pessoas tiveram que deixar a área de Jabalia com a intensificação dos combates.
Carrie Nootenm | RFI em Nova York
As 400 mil pessoas presas no cerco de Jabalia começam a ficar sem água e comida. De acordo com a Ocha, 85% dos movimentos humanitários no norte da Faixa de Gaza foram recusados por Israel durante duas semanas. Nenhum caminhão de ajuda entrou no território palestino entre 2 e 15 de outubro, apesar da situação crítica dentro do enclave. Quase não há ajuda a ser distribuída.
Israel recusou 85% das distribuições de ajuda no norte de Gaza durante duas semanas, denuncia a ONU © Reuters/Hussam Al-Zaanin |
No fim de semana passado, apenas puderam ser entregues 1.500 rações alimentares e 1.500 sacos de farinha, mas as padarias continuam sem combustível para fazer pão.
Confrontado com as críticas que acusam Israel de querer matar de fome os habitantes de Gaza, Washington ameaçou suspender parte de sua ajuda se a situação não melhorar dentro de 30 dias.
O embaixador israelense Danny Danon ignorou as críticas e insistiu que o problema em Gaza não é a falta de ajuda. “A ajuda é mais do que suficiente para satisfazer as necessidades de cada residente de Gaza. O verdadeiro problema é o Hamas. Esta organização terrorista desviou a ajuda, usando para os seus próprios interesses. Roubam e revendem ajuda destinada a civis em Gaza. Estão transformando a ajuda humanitária numa máquina de lucro", afirmou no X.
O órgão militar israelense responsável pela supervisão dos assuntos civis nos Territórios Palestinos (Cogat) garantiu no X que 50 caminhões que transportavam ajuda humanitária foram transferidos na quarta-feira para o norte de Gaza.
Unicef alerta para falta de água no Líbano
O Unicef denunciou uma "catástrofe para todas as crianças do Líbano" a destruição de ao menos "28 instalações de abastecimento de água" que afeta "mais de 360.000 pessoas", principalmente no sul do país.
“À medida que a frequência e a intensidade dos bombardeios no Líbano aumentam, foram registados danos consideráveis às infraestruturas críticas e dezenas de pessoal médico e de serviços essenciais foram mortos”, diz o representante do Unicef no Líbano, Edouard Beigbeder, no site da organização.
“Esta situação é desastrosa para todas as crianças no Líbano de acordo com o direito humanitário internacional", diz. "Os trabalhadores humanitários e os prestadores de serviços essenciais devem ser protegidos quando prestam apoio vital a famílias e crianças em condições precárias e as infraestruturas civis devem ser preservadas. Estas crianças sofrem enquanto o mundo inteiro assiste ao flagrante desrespeito por estas leis", sublinha.
Segundo o Unicef, danos causados por bombardeios também foram relatados em várias escolas, pelo menos 15 hospitais e 70 centros de cuidados de saúde primários e serviços médicos de emergência.
Segundo o Ministério da Saúde Pública libanês, 6 hospitais estão fora de serviço e outros 5 funcionam apenas parcialmente.