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30 outubro 2024

Hezbollah está em condições de prosseguir na guerra contra Israel, diz seu novo líder

O novo líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou, nesta quarta-feira (30), que o movimento islamista libanês tem capacidade de continuar os combates contra o Exército israelense, apesar dos golpes recebidos, mas que aceitaria um cessar-fogo sob certas "condições".


France Presse

Israel, em guerra aberta com o Hezbollah desde setembro, bombardeou nesta quarta-feira redutos do grupo xiita no Líbano, incluindo a cidade de Baalbek, no leste, provocando uma fuga em massa de habitantes.

Palestinos transportaos os corpos de várias pessoas para enterro em Beit Lahia, norte da Faixa de Gaza, cenário de ofensiva israelense, em 29 de outubro de 2024

Em Sohmor, também no leste, 11 pessoas morreram em "bombardeios sucessivos do inimigo israelense", indicou o Ministério da Saúde do Líbano.

Um bombardeio próximo a Nabatieh, no sul, matou o número dois da força de elite do Hezbollah, Mustafa Ahmad Shahadi, indicou o Exército israelense.

Sua morte se soma à longa lista de altos dirigentes do movimento assassinados por Israel, incluindo seu ex-líder, Hassan Nasrallah, morto em um bombardeio israelense no dia 27 de setembro.

Em seu primeiro discurso desde que foi nomeado na terça-feira, Naim Qassem prometeu manter o "plano de guerra" de seu antecessor e afirmou que o Hezbollah "começou a se recuperar" após os "dolorosos golpes" de Israel.

No entanto, ele sustentou que aceitaria um cessar-fogo com Israel sob algumas condições, embora tenha ressaltado que não há sobre a mesa nenhum acordo viável.

Atualmente estão em andamento discussões no gabinete de segurança israelense sobre os termos de uma trégua.

Israel exige a retirada do Hezbollah do sul do Líbano, o destacamento do Exército libanês ao longo da fronteira israelense e um mecanismo internacional para garantir o cumprimento da trégua, segundo meios de comunicação.

O Hezbollah prometeu lutar até o fim contra a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em apoio a seu aliado Hamas.

Funcionários americanos de alto escalão viajaram na quarta-feira a Israel para avançar em acordos para pôr fim às guerras no Líbano e em Gaza, indicou o Departamento de Estado.

- Evacuações em massa -

Israel intensificou os bombardeios contra posições do Hezbollah no Líbano desde 23 de setembro, paralelamente a uma ofensiva terrestre lançada em 30 de setembro no sul do país.

Israel afirma que quer neutralizar o Hezbollah nesta região fronteiriça para permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte do país que foram deslocados pelos foguetes lançados pelo grupo libanês contra o território israelense há mais de um ano.

No leste do Líbano, os moradores da cidade milenar de Baalbek empreenderam uma fuga maciça após um alerta de evacuação do Exército israelense, no qual advertiram que "agiriam com força" contra os interesses do Hezbollah na cidade e arredores. Israel também ordenou a evacuação de Nabatieh.

Segundo a agência de notícias libanesa, NNA, cerca de dez localidades foram bombardeadas no sul, enquanto os combates se intensificaram na localidade de Khiam, a cerca de seis quilômetros da fronteira.

O Hezbollah anunciou que lançou drones e foguetes contra três posições militares no norte de Israel, assegurando ter burlado o sistema de defesa antiaérea israelense, e uma perto de Tel Aviv.

Pelo menos 1.754 pessoas morreram desde 23 de setembro no Líbano.

- Trégua 'de um mês' -

Os bombardeios israelenses também prosseguiram nesta quarta-feira em Gaza, enquanto os países mediadores finalizam uma proposta para uma curta trégua, "de menos de um mês".

A proposta também contempla a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos e o aumento da ajuda humanitária no território palestino.

Catar, Egito e Estados Unidos estão há meses tentando elaborar um acordo de trégua entre Israel e Hamas.

A última rodada de contatos em Doha terminou na segunda-feira com a participação do chefe do serviço de inteligência exterior israelense, David Barnea; do diretor da CIA, Bill Burns; e do primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani.

A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas realizaram uma incursão no sul de Israel que causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, e também sequestraram 251, de acordo com um balanço feito com base em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma campanha contra o Hamas que deixou 43.163 mortos na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde desse território, considerados confiáveis pela ONU.

- Grave situação humanitária -

Na terça-feira, um bombardeio israelense derrubou um edifício residencial e causou a morte de quase 100 pessoas em Beit Lahia, no norte de Gaza, segundo a Defesa Civil do território palestino.

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês) alertou que "em outubro houve uma distribuição de alimentos muito limitada devido à grave escassez de suprimentos".

Cerca de 1,7 milhão de pessoas, ou 80% da população do território, não recebeu ajuda alimentar, afirmou.

A situação pode se deteriorar ainda mais após o Parlamento israelense ter proibido esta semana as atividades da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), coluna vertebral da ajuda que entra em Gaza, acusando-a de ter membros do Hamas infiltrados.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, instou nesta quarta-feira suas tropas a manter a "pressão" em Gaza para obter a libertação dos reféns sequestrados há mais de um ano pelo movimento islamista palestino.

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