Polícia alemã desmonta acampamento pró-palestino em Dortmund que seria visitado pela ativista. Autoridades inicialmente justificaram ação argumentando que Thunberg era “uma participante potencialmente violenta”.
Deutsch Welle
A ativista climática sueca Greta Thunberg acusou na quarta-feira (09/10) a Alemanha de silenciar causa palestina e disse que a polícia alemã usou táticas violentas para dispersar um acampamento pró-palestinos na cidade de Dortmund, no oeste do país. A ação ocorreu um dia antes de uma visita de Thunberg ao local.
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“A polícia disse que me prenderia se eu fosse lá. Tudo isso só porque os estudantes me convidaram para falar em seu evento e porque estive num protesto [pró-palestinos] em Berlim no dia anterior à invasão da polícia”, escreveu a ativista em seu perfil na rede social X (ex-Twitter). “A Alemanha está ameaçando e silenciando ativistas que se pronunciam contra o genocídio e a ocupação”, afirmou Thunberg, de 21 anos, em um vídeo publicado com a mensagem.
Nos últimos meses, a ativista expressou em várias ocasiões sua solidariedade aos palestinos e acusou Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza, na guerra que teve início após o atentando terrorista do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e em mais de 250 reféns levados pelo grupo islâmico para Gaza. O Hamas é considerado uma organização terrorista pela Alemanha, pelos EUA, pela União Europeia e por outros países.
Israel rejeitou veemente as acusações após a África do Sul ter levado o caso à Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando o país de cometer genocídio no atual conflito. Embora as audiências preliminares já terem sido realizadas, o tribunal da ONU deve levar anos para chegar a uma decisão final. Numa decisão preliminar de janeiro, a corte determinou que Israel “tome todas as medidas cabíveis” para prevenir “atos de genocídio” contra palestinos.
Fim do acampamento
De acordo com a polícia de Dortmund, um dos motivos para a decisão de dispersar o acampamento pró-palestinos, montado ao lado de uma universidade, seria evitar que a presença de Thunberg atraísse mais pessoas para o local do que o originalmente permitido.Inicialmente, um comunicado divulgado pela polícia afirmava que a decisão havia sido tomada porque Thunberg era “uma participante potencialmente violenta”. Pouco tempo depois, a declaração foi retirada do documento. Ao serem questionadas, as autoridades disseram apenas que houve um “erro interno”.
O acampamento de protesto foi montado por estudantes em maio e deveria ser mantido apenas por poucos dias. No entanto, ele mudou várias vezes de lugar e acabou se tornando permanente.
A polícia afirmou que desmontou de forma pacífica o acampamento. A ação ocorreu um dia antes da chegada prevista de Thunberg. Antes de ir a Dortmund, a ativista esteve presente em um protesto pró-palestino em Berlim, no qual manifestantes jogaram garrafas nos policiais.
Detida na Bélgica
Thunberg foi detida no sábado em um protesto climático em Bruxelas, na Bélgica. Essa foi a mais recente de uma série de prisões. Ela se juntou a um bloqueio com 150 outros ativistas antes de ser detida com mais de 100 manifestantes, que pediam o fim de subsídios a combustíveis fósseis.Thunberg deu início ao movimento School Strike for Climate (greve escolar pelo clima) – também conhecido como Fridays for Future (sextas-feiras pelo futuro ou greve pelo futuro) – quando se sentou, sozinha, do lado de fora do Parlamento sueco para exigir ações mais duras contra as mudanças climáticas, em 2018. Na época, ela tinha 15 anos.
A sua manifestação deu início a protestos semelhantes em todo o mundo, com estudantes faltando às aulas para exigir ações climáticas mais urgentes.
Desde a guerra iniciada com o ataque de Hamas a Israel há um ano, a ativista sueca tem participado de protestos pró-palestinos. Críticos acusam Thunberg de assumir uma posição unilateralmente pró-palestinos. No recente protesto climático em Bruxelas, ela usava um keffiyeh – o lenço que se tornou um símbolo da solidariedade palestina.
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