Carta na manga: versão militar do jato E190-E2 da Embraer reflete solidez da empresa nacional

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Uma versão militar do jato comercial E190-E2 da Embraer será bem-vinda não só pela Força Aérea Brasileira (FAB), mas por aeronáuticas ao redor do mundo, afirma especialista entrevistado pela Sputnik Brasil.


Sputnik

Discretamente, a Embraer anunciou uma versão militar do seu jato comercial E190-E2 durante a Exposição Internacional de Defesa do Exército da Coreia (KADEX, na sigla em inglês), que ocorreu entre os dias 2 a 6 de outubro deste ano em Gyeryongdae, na Coreia do Sul.

© flickr.com / Divulgação/Embraer

O modelo civil faz parte da classe dos E-Jets E2 da empresa brasileira. Desde seu lançamento, em 2013, a família de jatos bimotores de médio alcance é um sucesso de vendas com mais de 350 encomendas por companhias aéreas domésticas e internacionais.

O modelo com mais destaque é o E195-E2, preferido das linhas aéreas por seu maior comprimento (41,51 m) em comparação ao E190-E2 (36,25 m) que dá maior capacidade de passageiros. Contudo, ambas as aeronaves contam com os mesmos motores, dois turbofan Pratt & Whitney PW1900G, de 190 cm.

As diferenças restantes entre os dois decorrem do tamanho: o E190-E2 necessita de uma pista de pouso menor e tem maior autonomia de combustível (5.186 km contra 4.600 km do E195-E2).

Entrevistado pela Sputnik Brasil, Marcos José Barbieri Ferreira, economista e especialista em indústria aeroespacial e defesa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avaliou o desenvolvimento da versão militar do E190-E2 como positiva.

Na linha dos E-Jets E2, "o E190-E2 é a plataforma mais adequada para adaptação em versões militares".

Civil, mas militar?

À reportagem, Barbieri explica que a prática de adaptação de aviões civis para uso das forças aéreas é muito comum na história da aviação militar. "Alguns denominam isso de aviões para missões especiais, para fins específicos."

A adaptação de aviões civis para uso militar demanda investimento, sublinha o especialista. Mesmo assim, ela sai mais barata do que o desenvolvimento de uma nova aeronave do zero, contando ainda com outros benefícios como maior facilidade de manutenção.

"Essas aeronaves civis bem-sucedidas têm toda uma rede de assistência técnica, de fornecedores, de empresas credenciadas para fazer a manutenção. Então o custo de você operar é muito mais baixo."

Esse tipo de projeto é bastante conhecido pelo público a partir das aeronaves presidenciais, que usam aviões já existentes adaptados para receber uma série de melhorias como comunicação segura, embaralhamento de sinais eletrônicos e proteção nuclear.

No caso do E190-E2, a Embraer divulgou imagens dos modelos específicos adaptados para diferentes tipos de missões: patrulha marítima (MPA), inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), sistema de alerta e controle (AEW&C).

De fato, lembra Barbieri, a Embraer tem experiência na adaptação de seus modelos civis para uso da FAB com seus ERJ-145. Desenvolvidos nos anos 1990, início dos 2000, eles entraram para o portfólio da Força Aérea em três versões: R-99 para reconhecimento terrestre e E-99 para controle aéreo e alerta antecipado.

O primeiro tipo faz a vigilância do solo brasileiro, em especial na Amazônia, uma vez que possui radares que enxergam por debaixo da copa das árvores. Por fim, o segundo tipo tem uma função logística de central de operações, levando em si sistemas de radares e comunicação mais robusta para coordenar os diferentes esforços.

Esses aviões não só encontraram lar na FAB, como também foram adotados nas aeronáuticas do México, da Grécia e da Índia.

Havia ainda a previsão do desenvolvimento do P-99 para a patrulha marítima, que possui radar para enxergar a longo alcance e acompanhar embarcações em alto-mar. Aviões de patrulha marítima também são equipados com sonoboias capazes de detectar submarinos.

"Aviões de patrulha marítima também servem para guerra submarina, levando torpedos e cargas de profundidade para atingir navios e submarinos", detalha o especialista.

Jato E190-E2 da Embraer encontrará amplo espaço no mercado
Atualmente, o Brasil "carece de aeronaves adequadas" para a patrulha marítima, destaca Barbieri.

A FAB dispões de dois modelos distintos para essa função no momento. O primeiro é o EMB-111 Bandeirante da Embraer, também conhecido como "Bandeirulha" — outra adaptação do mercado civil entregue à Aeronáutica no final dos anos 1970.

O outro, um pouco mais moderno, é o P-3 Orion — derivado do civil L-188 Electra da Lockheed. O modelo foi aposentado da Força Aérea dos Estados Unidos nos anos 1980 e entregue à FAB na década passada.

Nesse sentido, o E190 E-2 da Embraer é uma aeronave que encontrará mercado no Brasil e no exterior. Prova disso é que a aeronáutica do Paquistão fez por conta própria a adaptação de jatos Lineage 1000 da Embraer, versão executiva do E190 de primeira geração para missões de patrulha naval.

Isso é evidência da confiabilidade que o mercado e os governos têm na companhia brasileira, que se destaca mundialmente no setor de jatos de médio porte.

"Qual outro país tem uma plataforma aeronáutica comercial eficiente, de baixo custo, alta segurança e utilizado no mundo inteiro? É só a Embraer."

Outras companhias de aviação, como a Airbus e a Boeing, apesar de também adaptarem seus aviões civis, esbarram em problemas como o custo mais elevado e o maior peso de seus modelos.

"A Embraer tem a melhor oferta para esse tipo de aeronave, não só no Brasil, mas em outros locais. É uma plataforma segura, confiável e com custo de operação baixo e manutenção em qualquer lugar."

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