A polícia alemã anunciou ter matado nesta quinta-feira (5) um homem que se preparava para realizar um "ataque terrorista" ao consulado-geral de Israel em Munique. O atentado foi evitado no dia do aniversário da dramática tomada de reféns israelenses durante os Jogos Olímpicos de 1972, conhecido como o "massacre de Munique”.
RFI
“Atualmente, presumimos que se tratou de um ataque terrorista ligado ao consulado-geral do Estado de Israel” na cidade, escreveu a polícia local, em um comunicado. A imprensa do país relata que o suspeito simpatizava com o islamismo radical.
Tentativa de ataque a consulado israelense no dia do “massacre de Munique" choca Alemanha © AFP - LUKAS BARTH-TUTTAS |
O homem, um austríaco de 18 anos de origem bósnia, foi morto pela polícia depois de disparar vários tiros na direção de agentes que faziam a segurança de prédios sensíveis em Munique, incluindo o consulado-geral israelense, disseram as autoridades locais. O ataque ocorreu por volta das 9h (4h em Brasília) e o suspeito estava armado com um rifle de modelo antigo, equipado com baioneta.
Segundo a revista alemã Der Spiegel e o jornal austríaco Standard, o jovem era conhecido como islamista pelos serviços de segurança do seu país. Ele morava perto de Salzburgo, na Áustria, e foi investigado no ano passado por espalhar propaganda do grupo Estado Islâmico (EI). A investigação, entretanto, foi encerrada, informam os veículos.
A polícia austríaca informou que ele era "suspeito de ter se radicalizado no plano religioso e se interessar a explosivos". A nota acrescenta que ele era alvo de uma proibição de portar armas desde 2023.
“O antissemitismo e o islamismo radical não têm lugar entre nós”, disse o chanceler alemão Olaf Scholz em sua conta X. Até o momento, a polícia local não assumiu uma posição oficial sobre a ideologia do suspeito.
Em 1972, atentado matou 11 atletas
No X, o presidente israelense, Isaac Herzog, expressou “seu horror” após este “ataque terrorista”.“Este acontecimento mostra quão perigoso é o aumento do antissemitismo. É importante que o público em geral se oponha vigorosamente a ele”, afirmou a consulesa israelense em Munique, Talya Lador-Fresher, em uma declaração enviada à AFP por email.
Desde o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, que desencadeou a guerra em Gaza, as autoridades alemãs têm estado vigilantes quanto à ameaça islamista e ao ressurgimento do antissemitismo – um fenômeno registrado em muitos países em todo o mundo.
De acordo com as autoridades alemãs, os tiroteios de quinta-feira estão "provavelmente" ligados ao aniversário da sangrenta tomada de reféns nas Olimpíadas de 1972. Em 5 de setembro daquele ano, um grupo armado palestino matou 11 atletas israelenses, além de um policial e cinco sequestradores.
Uma cerimônia em homenagem às vítimas foi cancelada nesta quinta-feira em Fürstenfeldbruck, onde os atletas foram baleados.
Ataques a judeus cresceram na Alemanha
Falando de um “ato muito sério”, a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, garantiu que “a proteção dos estabelecimentos judaicos e israelitas é uma prioridade absoluta”. A Alemanha está em alerta há meses e se considera “na mira de organizações jihadistas”.Desde o início da guerra em Gaza, o aumento dos crimes contra os judeus tem sido particularmente preocupante no país – que, devido ao Holocausto, elevou o apoio a Israel com a justificativa de "razão de Estado".
Um número recorde de 5.164 crimes antissemitas foi registado em 2023, em comparação com 2.641 em 2022, de acordo com o serviço inteligência nacional. Um dos ataques antissemitas mais graves na Alemanha pós-guerra ocorreu em 2019: duas pessoas foram mortas depois de um neonazista ter tentado invadir uma sinagoga em Halle, na antiga Alemanha oriental, durante o feriado judaico de Yom Kippur.
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha estima que existam cerca de 100 mil judeus praticantes no país, que conta com uma centena de sinagogas.
Com informações da AFP