Papa Francisco condena mortes de crianças em Gaza por conta de ataques israelenses

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O papa Francisco condenou nesta sexta-feira a morte de crianças palestinas por conta dos ataques israelenses em Gaza, classificando o bombardeio de escolas sob a “presunção” de acertar também militantes do Hamas como algo “repulsivo”.


Por Joshua McElwee | Reuters

A BORDO DO AVIÃO PAPAL - No voo de volta a Roma vindo de Cingapura, o pontífice expressou dúvidas sobre se Israel ou o Hamas, em guerra por 11 meses, buscavam um fim ao conflito. "Sinto em ter que dizer isso”, disse o papa. “Mas não acredito que eles estão dando os passos necessários para ter paz.”

Papa Francisco dá entrevista coletiva durante voo 13/09/2024 REUTERS/Guglielmo Mangiapane/Pool

Francisco falava em uma coletiva de imprensa depois de uma exigente turnê de 12 dias pelo Sudeste Asiático e pela Oceania. Ele disse que fala no telefone com membros de uma paróquia católica em Gaza “diariamente” e “eles me dizem coisas repulsivas, coisas difíceis”.

"Por favor, quando você vê corpos de crianças, quando você vê isso, sob a presunção que guerrilheiros estão lá, e bombardeiam uma escola, isso é algo repulsivo”, disse o pontífice de 87 anos. “Isso é repulsivo.”

O papa, que apoia os pedidos por um cessar fogo e pela libertação dos reféns israelenses sequestrados pelo Hamas, disse “algumas vezes eu acho que é uma guerra que está indo além, muito além”.

A guerra entre Israel e Hamas foi desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, quando o grupo militante matou cerca de 1.200 pessoas e capturou 250 reféns, segundo estimativas israelenses. A campanha militar israelense subsequente reduziu a Faixa de Gaza a destroços e matou mais de 41 mil palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave.

A ONU disse na quinta-feira que a guerra deixou a economia de Gaza “em ruínas”.

O papa falou sobre uma ampla gama de assuntos durante a coletiva de imprensa de 40 minutos. Ele criticou as políticas do ex-presidente dos EUA Donald Trump e da vice-presidente Kamala Harris, e disse que os católicos dos Estados Unidos deveriam “escolher o mal menor” quando forem votar em novembro, sem detalhar o que isso significa.

"FELIZ" COM ACORDO COM A CHINA

Francisco disse também que o acordo do Vaticano com a China sobre a indicação de bispos católicos no país comunista está tendo bons resultados, indicando que ele deve ser estendido quando acabar neste outono europeu.

O papa disse que os resultados do acordo de 2018, no qual a China tem algumas contribuições na seleção dos bispos católicos, “são bons”. “Estou feliz com o diálogo com a China”, disse o pontífice. "Estamos trabalhando com boa vontade."

Católicos conservadores têm criticado duramente o acordo dizendo que oferece muito para os chineses. O Vaticano diz que o acordo resolve uma divisão de décadas entre a igreja clandestina que jura lealdade ao Vaticano no país e a supervisionada pelo Estado, a Associação Católica Patriótica.

O acordo nunca foi publicado, só descrito por autoridades diplomáticas. O Vaticano diz que o papa mantém a decisão final na nomeação de bispos chineses.

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