Com mais comunidades israelenses entrando na mira do Hezbollah à medida em que Israel avança em território libanês, alguns no norte israelense esperam que o país finalmente consiga eliminar a ameaça do grupo armado do Líbano, enquanto outros olham o aumento da violência com resignação.
Por Manuel Ausloos | Reuters
NAHARIYA, Israel - "Há um sentimento de que, finalmente, estamos agindo para restaurar a paz aqui, o que não acontecia faz quase um ano", disse Barak Raz, da cidade litorânea de Nahariya, no norte de Israel.
Edifício residencial danificado após ataque de projéteis do Líbano contra Israel em Nahariya, norte de Israel 09/09/2024REUTERS/Shir Torem |
Para a auxiliar de vendas de 22 anos, Albina Chemodakov: "É muito assustador viver assim, mas vivemos em Israel. É a nossa vida".
O Hezbollah, apoiado pelo Irã, disparou na última semana centenas de foguetes e mísseis no norte de Israel e nas Colinas de Golã ocupadas, enquanto aviões israelenses atingiram mais de 1.600 alvos no sul do Líbano e no Vale do Bekaa, mais ao norte.
Os ataques de segunda-feira ocorreram após semanas de crescente tensão no norte, que por quase um ano tem testemunhado um nível estável, relativamente contido, de troca de fogo na fronteira que acabou ofuscado pela sangrenta guerra em Gaza, ao sul.
Raz, um designer gráfico de Tel Aviv de 32 anos, está concluindo seu segundo destacamento como reservista no norte desde outubro passado, quando o Hezbollah lançou sua primeira barragem de foguetes em apoio ao ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel.
"Espero que as coisas melhorem logo. Não quero voltar para um terceiro destacamento", disse.
Os disparos de foguetes forçaram dezenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas, situação refletida no Líbano, resultando em vastas áreas das regiões fronteiriças quase desertas.
À medida que a luta nas ruínas de Gaza diminuiu, o foco militar mudou para o norte, provocando crescente tensão sobre o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para possibilitar o retorno de moradores retirados de casa.
Em Nahariya, normalmente uma animada cidade costeira de cerca de 60 mil habitantes, a poucos quilômetros da fronteira com o Líbano, ordens da defesa civil fecharam as praias e a praça principal está silenciosa.
Israel não viu o nível de destruição testemunhado no Líbano, onde mais de 500 pessoas foram mortas e mais de 1.800 feridas no mais pesado bombardeio israelense em duas décadas. Mas Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, alertaram sobre dias difíceis pela frente e pediram calma.
"Nos últimos dias, o Hezbollah disparou centenas de foguetes contra Israel. Na última semana, mais de 700 mísseis e foguetes foram atirados contra Israel, causando danos a muitas casas e comunidades", disse Nadav Shoshani, um porta-voz militar.
Com as sirenes de ataque aéreo soando regularmente nesta terça-feira, muitas companhias aéreas cancelaram voos. Mas as operações portuárias continuaram normalmente em Haifa, maior porto industrial do país, enquanto o governo tenta manter a economia funcionando apesar da interrupção provocada pela guerra.