Israel destrói banco de sangue em Gaza, deixa feridos sem transfusão

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Os ataques indiscriminados de Israel contra a Faixa de Gaza sitiada deixaram um impacto devastador na infraestrutura de saúde, sobretudo na região norte. Após 350 dias, o banco de sangue do Hospital al-Shifa, o maior do enclave, foi destruído, privando feridos graves de transfusão imediata.


Monitor do Oriente Médio

Para agravar a crise, a fome generalizada torna a doação ainda mais difícil, à medida que muitos voluntários sofrem de anemia e desnutrição.

Trabalhadores de saúde e voluntários recebem doações de sangue durante campanha em Gaza, em 26 de julho de 2024 [Hassan Jedi/Anadolu via Getty Images]

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em julho, com o título “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo em 2024”, cada um dos 2.4 milhões de residentes de Gaza sofre de insegurança alimentar aguda.

Al-Shifa foi sitiado e destruído duas vezes por batalhões de Israel, incluindo seu banco de sangue, deixando feridos e doentes crônicos sob risco de morte.

Na tentativa de atenuar a crise, um laboratório foi estabelecido no Hospital Sahaba, perto de al-Shifa, na Cidade de Gaza, onde doações são coletadas para os necessitados. A falta de doadores no norte, contudo, prevalece como um grave desafio.

Impacto da fome nas doações de sangue

Segundo Rami Abu Sidu, especialista no novo laboratório de exame e coleta de sangue, a demanda pela instalação se deu após ataques aéreos israelenses tornarem inoperante o departamento em al-Shifa.

“Coletamos entre 20 e 30 unidades de sangue diariamente”, explicou Abu Sidu. “Contudo, comparado com o número de feridos levado aos hospitais da região norte — como Kamal Adwan, Baptista al-Ahli e Indonésio —, este volume ainda é muito pouco”.

O laboratório consegue fornecer somente 10% do que era obtido e armazenado no banco de sangue de al-Shifa, advertiu o especialista. “Al-Shifa era vital a cinco ou seis hospitais do norte, ao fornecer sangue, plasma e plaquetas”, acrescentou.

Abu Sidu observou que o laboratório opera com recursos e equipamentos mínimos: “Não temos instrumentos básicos de saúde, até mesmo cadeiras para doação e refrigeradores para armazenamento dos insumos”.

O médico deu foco ao impacto da fome nas doações de sangue: “Os doadores vem a nós, porém bastante debilitados, porque não estão comendo de maneira adequada. A maioria enfrenta tontura após doar sangue devido à desnutrição que assola o norte”.

Pacientes crônicos, incluindo pacientes de leucemia e doenças renais, exigem transfusão semana, todavia, privados de seu tratamento pela devastação imposta por Israel.

“As doações que recebemos sequer chegam perto de suprir a demanda. Atualmente, nós temos cem unidades de sangue armazenadas, mas precisamos de ao menos 500 ou 600 para cobrir as necessidades em curso”, concluiu o especialista.

À medida que continuam os bombardeios israelenses, assim como o cerco militar — sem comida, água, combustível ou medicamentos —, a fome e as doenças se agravam, com o suprimento de sangue à margem do colapso.

A ofensiva israelense se aproxima de um ano, deixando 41.300 mortos e 95.500 feridos — muitos deles com amputações graves ou que passaram por cirurgias complexas sem nem mesmo anestesia.

Israel age em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, assim como medidas cautelares por desescalada e fluxo humanitário do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia.

As ações israelenses são genocídio, punição coletiva e crime de guerra.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

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