Governo Lula condena ataque de Israel que explodiu pagers no Líbano e matou 9, incluindo criança

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Explosão simultânea de aparelhos eletrônicos deflagrada por Israel mirava membros do Hezbollah e, além das vítimas fatais, deixou mais de 2 mil pessoas feridas


Por Ivan Longo | Revista Forum

O Ministério das Relações Exteriores do governo Lula divulgou uma nota oficial, na noite desta terça-feira (17), em que condena o ataque deflagrado por Israel que explodiu simultaneamente no Líbano milhares de aparelhos pager – dispositivo portátil de comunicação, popularizado como "bip" anos 1980 e 1990 –, matando 9 pessoas e ferindo outras 2.800. Entre as vítimas fatais está uma criança de 10 anos.

Ataque de Israel explode milhares de pagers simultaneamente no Líbano; 9 mortos e mais de 2 mil feridos. Créditos: Reprodução

"O governo brasileiro condena a série de explosões coordenadas e simultâneas de centenas de aparelhos eletrônicos de comunicação ocorridas hoje, dia 17, no Líbano, as quais resultaram na morte de ao menos nove pessoas, incluindo uma menor de idade, assim como em centenas de feridos. Tais atos conduzem a escalada significativa de tensões na região e exacerbam o risco de alastramento do conflito. Demonstram, também, que, lamentavelmente, têm sido inócuos os múltiplos apelos da comunidade internacional para que atores no Oriente Médio exerçam máxima contenção", diz a nota do ministério.

"Nesse contexto, o Brasil reitera o caráter imperativo do pleno respeito à soberania e à integridade territorial dos países e reafirma sua defesa do estrito cumprimento da Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A embaixada do Brasil em Beirute não tem registro de nacionais brasileiros entre as vítimas e está empenhada em prestar as orientações devidas à comunidade brasileira na delicada situação securitária em que se encontra o Líbano", prossegue o governo brasileiro.

Explosão de pagers no Líbano: entenda o que aconteceu

O jornal norte-americano The New York Times e a rede de televisão catari Al Jazeera, em reportagens, revelaram ao mundo, na noite desta terça-feira (17), como os serviços secretos de Israel conseguiram levar a cabo uma das ações mais surreais, ultra complexas e cinematográficas da história ao explodirem simultaneamente milhares de aparelhos pagers no Líbano, visando atingir integrantes do grupo Hezbollah, o que resultou em nove mortos e quase 2.800 feridos, entre eles o embaixador do Irã em Beirute.

Num primeiro momento, quando as explosões que ocorreram num breve intervalo de menos de uma hora foram confirmadas, as suspeitas foram de que uma espécie de ataque cibernético teria feito com que as baterias dos equipamentos esquentassem e explodissem, mas isso logo foi descartado porque seria algo impossível da forma como ocorreram os incidentes.

Agora, o que se confirma é outra coisa: uma operação inacreditável e ousada que, para o Mossad e o Shin Bet, foi “um sucesso”. Os aparelhos ‘bips’ receberam uma pequena carga de explosivos entre 20 e 50 gramas, além de um minúsculo dispositivo de detonação remoto.

Mas você deve estar se perguntando: como foi possível fazer isso com milhares de aparelhos que chegaram ao Líbano para serem majoritariamente operados pelos integrantes do Hezbollah dos mais diferentes escalões?

Segundo o NYT, o Mossad conseguiu ter acesso a uma carga com um grande lote de pagers fabricados pela empresa Gold Apollo, de Taiwan. Não ficou claro em que etapa do processo os explosivos foram implantados, se na empresa taiwanesa, no armazenamento antes do despacho, no período em que o material esteve em trânsito para o destino final, ou se já em território libanês.

Com as mãos nas inúmeras caixas do dispositivo eletrônico, a inteligência israelense colocou esses pequenos explosivos e os detonadores remotos minúsculos, fechou os aparelhos e embalagens, e deixou a carga como se tivesse acabado de sair da fábrica para que o Hezbollah a recebesse e distribuísse a seus homens.

Já a Al Jazeera confirmou as suspeitas e obteve uma resposta do grupo libanês sinalizando que os pagers foram comprados há cinco meses e que todos eram parte de um mesmo lote. Alguns poucos aparelhos que não detonaram, ou que detonaram com pouco força, de fato, tinham uma carga explosiva em seu interior.

A segunda pergunta que não quer calar é por que praticamente todos os equipamentos explodiram presos ao corpo ou nas mãos de seus usuários, já que alguém poderia ter deixado o aparelho em cima de uma mesa no trabalho, ou afastado de si dentro de casa. A resposta também é inacreditável.

Para ter certeza de que os ‘bips’ explodiriam juntos aos donos, a inteligência israelense programou o dispositivo para emitir um sinal sonoro diferente por pelo menos um minuto antes da detonação, o que fez com que os usuários fossem pegá-lo no caso de o pager estar longe. Algumas cenas da explosão que foram registradas por todo o país, principalmente em locais públicos, mostram que realmente os utilizadores do mecanismo começaram a olhá-lo momentos antes de tudo ir pelos ares, o que faz supor que um alerta estava sendo emitido.

A ideia de explodir os obsoletos equipamentos também teve uma razão muito bem planejada. Os pagers, quando estão com seus donos, são normalmente presos ao cinto ou ao bolso da calça, uma região com várias artérias e muito sensível a traumas, o que pode resultar facilmente na morte do alvo.


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