EUA e Reino Unido prometem resposta rápida a demandas militares da Ucrânia

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Os chefes das diplomacias dos Estados Unidos e do Reino Unido prometeram, nesta quarta-feira (11), em Kiev, tratar com celeridade as reivindicações da Ucrânia sobre poder usar mísseis ocidentais em suas operações militares contra a Rússia.


France Presse

A visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, e do secretário do Foreing Office - o Ministério das Relações Exteriores britânico -, David Lammy, ocorre em um momento delicado para a Ucrânia, confrontada no leste com a pressão das tropas russas apesar da ofensiva surpresa que lançou no começo de agosto em território russo.

O ministro britânico das Relações Exteriores, David Lammy (C), sentado ao lado do secretário de Estado americano, Antony Blinken (E), em uma reunião com o presidente da Ucrânia no Palácio Mariinsky, em Kiev, em 11 de setembro de 2024 © Mark Schiefelbein

A Ucrânia reivindica insistentemente a autorização para atacar com mísseis de longo alcance, proporcionados pelas potências ocidentais, alvos mais distantes na Rússia, acusada de ter recebido mísseis balísticos do Irã.

"Estamos trabalhando com urgência para continuar garantindo que a Ucrânia tenha o que é preciso para se defender de forma eficaz", declarou Blinken, durante uma coletiva de imprensa, acrescentando que o assunto será abordado na sexta-feira pelo presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

"Nós nos ajustamos e adaptamos à evolução das necessidades, à evolução do campo de batalha, e não tenho nenhuma dúvida de que o continuaremos fazendo à medida que a situação evoluir", afirmou.

"Nosso apoio não se fragilizará, nossa unidade não se romperá", ressaltou Blinken, dizendo que sua visita era um sinal de compromisso com a "vitória" da Ucrânia na guerra iniciada em fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram a ex-república soviética.

O chanceler ucraniano, Andrii Sibiga, pediu "suspender todas as restrições ao uso de armas americanas e britânicas contra alvos militares legítimos na Rússia".

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que manteve conversas "substanciais" com Blinken e Lammy sobre "todas as questões essenciais".

"É importante que se escutem os argumentos ucranianos", ressaltou.

Pouco antes, o presidente havia dito que existe um plano para derrotar militarmente a Rússia e que este "depende principalmente do apoio dos Estados Unidos".

Blinken também anunciou, nesta quarta-feira, uma nova ajuda de US$ 717 milhões (R$ cerca de 4 bilhões) para o setor de energia ucraniano, devastado pelos bombardeios russos, o fornecimento de água potável e a desminagem.

- "Centenas" de mísseis antiaéreos -

O novo governo trabalhista enviará este ano para a Ucrânia "centenas de milhares de mísseis de defesa antiaérea adicionais, dezenas de milhares de munições de artilharia adicionais e mais veículos blindados", anunciou Lammy.

O chanceler britânico também reiterou o compromisso de seu governo em enviar uma ajuda econômica de 600 milhões de libras (R$ 4,4 bilhões) para Kiev.

A Ucrânia comemorou na terça-feira o anúncio de um acordo do Fundo Monetário Internacional (FMI), que abre a porta para uma nova parcela de ajuda de 1,1 bilhão de dólares (R$ 6,21 bilhões).

Os aliados ocidentais de Kiev se negaram até o momento a que a Ucrânia use suas armas para atacar o território russo em profundidade, por receio de uma escalada que resulte em um conflito direto com Moscou.

O Departamento de Defesa americano considera, ainda, que esta autorização não seria de forma alguma "decisiva" para mudar o rumo da guerra.

Biden, que quer evitar um conflito direto entre seu país e a Rússia, as duas principais potências nucleares mundiais, admitiu, no entanto, que os Estados Unidos "estão pensando" na possibilidade de consentir com as demandas ucranianas.

Na Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, alertou que seu país dará uma resposta "apropriada" se isto ocorrer.

- Mísseis iranianos -

Nesta quarta, a Ucrânia também instou seus vizinhos ocidentais membros da Otan a derrubar os drones e mísseis russos que sobrevoarem o oeste da ex-república soviética.

"Os russos (...) atingem cada vez mais instalações próximas da fronteira" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), declarou o chefe da diplomacia ucraniana.

A Lituânia, um importante apoiador da Ucrânia, considerou que os aviões da Otan deslocados nos países bálticos devem derrubar os drones russos nos espaços aéreos do bloco, após vários incidentes envolvendo aeronaves de Moscou.

O debate sobre as restrições ao uso de armas ocorre depois que Washington acusou o Irã, esta semana, de entregar mísseis de curto alcance à Rússia, que poderia usá-los para bombardear o território ucraniano nas próximas semanas.

Segundo a imprensa britânica, Biden, que se reunirá com Starmer na sexta-feira nos Estados Unidos, poderia suspender o veto de Washington para que a Ucrânia use mísseis Storm Shadow de longo alcance em território russo.

Uma das principais demandas da Ucrânia é flexibilizar as restrições ao uso dos sistemas de mísseis táticos ATACMS americanos, que podem atingir alvos a 300 km de distância.

Os Estados Unidos seguem sendo o principal fornecedor de equipamento militar da Ucrânia.

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