Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele foi recrutado para promover ataques contra a comunidade judaica no país.
Por Leonardo Milagres | g1 Minas — Belo Horizonte
O brasileiro Lucas Passos Lima, acusado de envolvimento com o Hezbollah, foi condenado pela Justiça Federal, a mais de 16 anos de prisão por terrorismo. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele foi recrutado para promover ataques contra a comunidade judaica no Distrito Federal.
Lucas Passos Lima, acusado de envolvimento com o Hezbollah, durante audiência — Foto: Reprodução/Fantástico |
Em novembro do ano passado, o homem foi preso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, após retornar de uma viagem ao Líbano. A detenção fez parte das investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Trapiche, que tinha o objetivo de obter provas de um possível recrutamento pelo grupo terrorista libanês para a prática de atos extremistas no país.
De acordo com a denúncia apresentada pela promotoria, Lucas e outros três brasileiros foram recrutados pelo também investigado Mohamad Khir Abdulmajid, sírio naturalizado brasileiro, que, desde 2016, integra e financia uma organização extremista vinculada ao Hezbollah.
Preparação de atos terroristas
Entre novembro de 2022 e abril de 2023, Lucas Passos Lima aderiu de forma voluntária à organização terrorista e participou ativamente das atividades. Depois de duas viagens ao Líbano financiadas por Abdulmajid, ele fez uma série de atos preparatórios de terrorismo contra a comunidade judaica no país, sobretudo em Brasília (DF).O brasileiro pesquisou sinagogas, cemitérios e embaixadas israelenses, além coletar informações sobre líderes religiosos judeus, buscar rotas de saída do Brasil sem controle migratório e tentar cooptar um piloto para atuar nas missões da organização criminosa. Alguns vídeos encontrados no celular dele foram mostrados pelo Fantástico.
Ainda conforme o MPF, o acusado se envolveu em planejamentos relacionados ao conflito entre Israel e o Hamas, fez treinamentos de tiro com armas e adquiriu equipamentos de comunicação, vigilância e espionagem não rastreáveis.
Já Abdulmajid, apesar de ter sido denunciado, teve o processo desmembrado, porque está foragido e é procurado pela Interpol.
Condenação
O juízo da 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte concordou que as provas apresentadas não deixaram dúvidas sobre a participação do réu na organização terrorista.“Diante do acervo probatório constante dos autos, em especial as provas cautelares e não repetíveis, oriundas do afastamento do sigilo telefônico e telemático dos investigados, ficou comprovado que Lucas integrou organização terrorista”, afirmou a sentença.
A Justiça, então, fixou uma pena de 16 anos, seis meses e 22 dias de prisão, com base na Lei Antiterrorismo.
“O compromisso inarredável em concluir o ‘projeto’ e a ‘missão’, os alvos pesquisados, o discurso antissemita adotado, todas as atividades levadas a cabo por Lucas, comprovam o intuito de se consumar, ao final, o ato de terrorismo”, disse a decisão.