Depois que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Ucrânia quer que a Rússia esteja presente na próxima conferência de paz, analistas disseram na quinta-feira que a posição de Kiev é baseada em considerações pragmáticas, expressando esperança de que o conflito de longa data possa ser resolvido por meio de negociações pacíficas.
Global Times
De acordo com o meio de comunicação The Kiev Independent, Zelensky disse à mídia francesa em uma entrevista publicada na quarta-feira que a Ucrânia acredita que a Rússia "deve estar presente" em uma segunda conferência de paz para acabar com a guerra.
Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky Foto: VCG |
"Acredito - como a maioria dos países - que na segunda cúpula de paz em novembro, representantes russos devem estar presentes, caso contrário, não alcançaremos resultados viáveis", disse Zelensky.
Zelensky havia dito em meados de julho que pretendia ter um plano pronto em novembro para realizar uma segunda cúpula internacional da qual representantes da Rússia deveriam participar, segundo a Reuters.
"As observações de Zelensky podem ser vistas como uma consideração baseada na realidade, na esperança de buscar uma resolução por meios diplomáticos", disse Yang Jin, pesquisador associado do Instituto de Estudos Russos, do Leste Europeu e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao Global Times na quinta-feira.
Yang observou que, desde que o conflito Rússia-Ucrânia eclodiu, ambos os lados ficaram esgotados e sofreram perdas significativas. Atualmente, parece que nenhum dos lados pode imaginar alcançar seus objetivos finais por meio do uso contínuo da força.
Os comentários de Zelensky vieram após uma conferência de paz sobre a crise na Ucrânia realizada na Suíça em junho, marcada pela ausência da Rússia. A conferência terminou sem nenhum progresso significativo, de acordo com observadores.
"Portanto, o sinal atual mostra a disposição da Ucrânia de resolver o conflito por meio de canais políticos e diplomáticos, indicando a posição básica do país de esperar se envolver em negociações pacíficas", disse Yang.
Durante a entrevista à mídia francesa, Zelensky reconheceu que a China era um jogador-chave, mas disse que não queria a mediação de Pequim e, em vez disso, pediu que "pressionasse o Kremlin" para acabar com o conflito, informou a mídia francesa.
Especialistas chineses enfatizaram que a China não exerceu e não exercerá pressão sobre nenhum dos lados. Em vez disso, como uma grande potência responsável, a China está disposta a desempenhar um papel construtivo na mediação do conflito.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China, o Representante Especial do Governo Chinês para Assuntos da Eurásia, Li Hui, iniciou uma visita ao Brasil, África do Sul e Indonésia a partir de domingo para realizar a quarta rodada de diplomacia sobre a crise na Ucrânia, trocando opiniões com os principais membros do Sul Global sobre a situação atual e o processo de negociações de paz.
"Sobre a crise na Ucrânia, a China sempre acredita que encerrar as hostilidades o mais rápido possível e buscar um acordo político é do interesse de todas as partes. A China acredita que o diálogo e a negociação são a única saída viável para a crise na Ucrânia", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, em uma coletiva de imprensa de rotina na segunda-feira.
A China continuará do lado da paz e do diálogo, apoiando a comunidade internacional na construção de mais consenso e buscando conjuntamente meios viáveis para uma saída política da crise, disse Lin.