Travis King deve assumir que cometeu deserção e agressão, entre outras acusações, como parte de um acordo judicial
Haley Britzky | CNN
Travis King, o soldado dos Estados Unidos que atravessou a fronteira entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, deve se declarar culpado de deserção e agressão, entre outras acusações, como parte de um acordo judicial com procuradores, segundo seu advogado.
Travis King, soldado norte-americano que cruzou a fronteira em direção à Coreia do Norte • Foto de família/AP |
“O soldado do Exército dos EUA Travis King assumirá a responsabilidade por sua conduta e declarará culpa. Ele foi acusado pelo Exército de quatorze crimes de acordo com o Código Uniforme de Justiça Militar”, disse um comunicado do advogado de King, Frank Rosenblatt, nesta segunda-feira (26).
“Ele se declarará culpado de cinco deles, incluindo deserção”, adicionou.
Além da deserção, King está se declarando culpado de desobedecer a um oficial e de agredir um suboficial, de acordo com Rosenblatt.
Espera-se que ele se declare inocente de outras acusações, incluindo posse de pornografia infantil. O representante do militar espera que essas acusações sejam retiradas pelo Exército.
Audiência em corte marcial
A audiência de King em corte marcial está marcada para 20 de setembro em Fort Bliss, no Texas, de acordo com Rosenblatt. Nela, o acusado deve se declarar culpado, “explicará o que fez” e receber sentença.“Travis está grato aos seus amigos e familiares que o apoiaram e a todos fora do seu círculo que não pré-julgaram o seu caso com base nas alegações iniciais”, pontuou Rosenblatt.
King estava enfrentando acusações sob o Código Uniforme de Justiça Militar, incluindo deserção, posse de pornografia infantil, agressão a um suboficial e desobediência a um oficial superior.
O caso foi assumido pelo Gabinete de Conselho Especial de Julgamento do Exército em julho, disse anteriormente à CNN uma porta-voz do escritório, Michelle McCaskill.
A CNN informou anteriormente que a equipe jurídica de King estava em negociações de confissão com promotores militares.
McCaskill confirmou que o Gabinete do Conselho Especial de Julgamento e a equipe de defesa de King “negociaram um acordo de confissão” e confirmou que ele permanecerá em prisão preventiva.
“Se a confissão de culpa do soldado King for aceita, o juiz condenará King de acordo com os termos do acordo de confissão. Se o juiz não aceitar a confissão de culpa, pode decidir que o caso seja litigado em uma corte marcial contestada”, explicou McCaskill.
Fuga para a Coreia do Norte
Oficiais militares pontuaram anteriormente que King, um batedor de cavalaria, “deliberadamente e sem autorização” cruzou para a Coreia do Norte em julho de 2023 – cerca de uma semana depois de ter sido libertado de um centro de detenção na Coreia do Sul, onde foi detido durante um incidente em outubro de 2022, quando ele supostamente empurrou e deu um soco em uma vítima em um clube em Seul.No dia em que atravessou a fronteira para a Coreia do Norte, o militar foi levado ao aeroporto por escoltas do Exército que o deixaram em um posto de segurança.
Antes de embarcar, no entanto, King deixou o aeroporto e, no dia seguinte, se juntou a uma excursão pela Área de Segurança Conjunta na zona desmilitarizada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.
Uma autoridade dos EUA ressaltou anteriormente que King atravessou a linha de demarcação e originalmente tentou entrar em uma instalação no lado norte-coreano, mas a porta estava trancada.
Ele então correu para a parte de trás do prédio, onde foi colocado em uma van e levado embora.
A Coreia do Norte afirmou à época que King “confessou que se intrometeu ilegalmente no território da RPDC (Coreia do Norte), pois nutria ressentimentos contra os maus-tratos desumanos e a discriminação racial dentro do Exército dos EUA e estava desiludido com a sociedade desigual dos EUA”.
A CNN não conseguiu verificar se essas eram as palavras do próprio King.
Os Estados Unidos receberam a notícia de que a Coreia do Norte queria devolver King em setembro passado, informou a CNN.
No dia de sua volta à custódia dos EUA, um comboio sueco levou King até à fronteira entre a Coreia do Norte e a China, onde foi entregue ao Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, e ao Adido de Defesa dos EUA na China, o brigadeiro-general Patrick Teague.
King foi levado de avião para Shenyang, na China, e depois para a Base Aérea de Osan, na Coreia do Sul, antes de partir para os EUA.