Estrada entre os dois principais portões da planta foi bombardeada, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica. Usina ucraniana está há mais de dois anos ocupada por tropas russas.
Deutsch Welle
A segurança da usina nuclear ucraniana de Zaporíjia está se deteriorando, alertou a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) neste sábado (17/08) após um ataque por drone atingir uma estrada entre os dois principais portões da infraestrutura.
Maior usina nuclear da Europa, Zaporíjia já é monitorada in loco por observadores da IAEA. Ela está fechada, mas precisa de energia de fora para manter seus reatores nucleares resfriados e evitar que colapsem.
Mais cedo, o Kremlin havia acusado a Ucrânia, sem apresentar provas, de planejar um ataque a Zaporíjia para depois atribuir a culpa à Rússia.
"Estamos vendo outra onda de propaganda insana russa sobre supostos planos ucranianos para usar 'bombas sujas' ou atacar usinas nucleares. Nós oficialmente refutamos essas falsas alegações", afirmou um porta-voz do Ministério do Exterior ucraniano.
Ataque a Zaporíjia vem em momento de avanço das tropas ucranianas sobre território russo
A acusação russa e o ataque a Zaporíjia vêm em um momento em que a Ucrânia avança sobre o território russo na fronteira com o nordeste do país, em uma ação inédita. A incursão das tropas de Kiev em Kursk, região russa que também abriga uma usina nuclear, já entrou em sua segunda semana.Mais cedo neste sábado, a Rosatom, agência nuclear da Rússia, também havia alertado a IAEA para a situação de risco na usina nuclear de Kursk e a piora da situação na usina nuclear de Zaporíjia, que está há mais de dois anos ocupada por tropas russas.
Segundo a agência russa de notícias Interfax, o chefe da Rosatom, Alexei Likhachev, convidou o diretor-geral da IAEA, Rafael Grossi, a ir pessoalmente à cidade de Kurchatov, em Kursk, para inspecionar a usina.
Ainda de acordo com a Interfax, os riscos de ataques ucranianos estão fazendo os alarmes antiaéreos soarem várias vezes por dia na área, e no terreno da usina já até teriam sido encontrados destroços de mísseis. O cenário ameaçador estaria se repetindo também na usina de Zaporíjia, que estaria sendo alvo de ataques e tentativas recorrentes de sabotagem, pelos quais Moscou e Kiev têm se culpado mutuamente.
A IAEA já havia alertado para o risco à usina nuclear de Kursk no início da contraofensiva ucraniana, em 6 de agosto. Grossi apelou aos dois lados para que respeitem as regras de segurança nuclear em áreas de conflito a fim de "evitar um acidente nuclear que possa causar sérias consequências radiológicas".
Rússia acusa Ucrânia de usar armas da Otan em Kursk
Na sexta, duas pontes importantes para o abastecimento das tropas russas foram destruídas em Kursk, no distrito de Glushkov.Blogueiros russos afirmam que uma das pontes foi destruída primeiro com foguetes disparados pelo sistema HIMARS, de fabricação americana, e depois com uma bomba planadora.
Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, contudo, já autorizaram o uso de suas armas na fronteira.
A porta-voz do ministério russo do Exterior, Maria Zakharova, acusou a Ucrânia de usar armas do Ocidente para atacar infraestrutura civil em Kursk.